Há quem discorde mas, em geral, mudar não é uma tarefa fácil – e pode ser ainda mais difícil para algumas pessoas. “Mudanças geram desconforto e, quando estamos cercados de rotinas, a vida passa a ser considerada mais agradável e segura”, alerta a psicanalista Cristiane M. Maluf Martin.
De acordo com ela, o medo ocorre, principalmente, quando as pessoas não querem abrir mão de situações já conhecidas. “Elas estão enraizadas em uma zona de conforto e, ao menor sinal de mudança, tornam-se resistentes a estas novas experiências”, explica. Além disso, esse amedrontamento pode ser causado por diversos fatores, como o medo do desconhecido, a insegurança, o temor de perder recursos e poder e, claro, muitas pessoas simplesmente não sentem necessidade de inovar. “O fato é que, por trás de uma razão para não mudar, sempre há uma opinião e uma justificativa“, expõe.
Para a psicanalista, qualquer coisa que tem limite é normal, inclusive o medo. “Em primeiro lugar, ele é um mecanismo de sobrevivência, tal como a dor que nos faz procurar cura, ou o cansaço, que indica os limites do corpo. Por outro lado, o medo doentio é aquele que ‘trava’ a pessoa em busca de soluções. Ela passa a temer tudo, até mesmo um simples barulho, e pode ser acompanhado de delírios e até desencadear síndrome do pânico”, relata a especialista.
Em outras palavras, ter medo é um modo de defesa em que se antecipa um acontecimento, especialmente traumas que já causaram dores e transtornos psicológicos. “Não receie em buscar ajuda para melhorar a qualidade de vida pessoal e as relações interpessoais”, aconselha Cristiane. É essencial ressaltar que, se o medo for intenso, a ponto de impedir que a pessoa realize suas atividades diárias, é fundamental a busca pela ajuda psicológica para o início de um tratamento. “É importante trabalhar os medos que limitam a sua vida, mas não se desgaste com o que não tem um efeito real sobre você”, diferencia.
No entanto, lidar com as novidades é um processo natural da vida, inevitável em uma sociedade que nos surpreende com constantes e rápidas transformações. “Se, por um lado, as mudanças podem oferecer riscos, imprevistos e desconfortos podem trazer renovações, novas perspectivas e descobertas gratificantes“, finaliza.