Alerta: agora são 78 casos na cidade. Um deles casos ocorreu na Universidade de São Paulo. A vacinação segue até o dia 12 de julho
O número de casos de sarampo aumentou em 143% em menos de um mês na capital paulista. No último boletim, foram registrados 32 casos; agora são 78. Um dos casos ocorreu no câmpus da Universidade de São Paulo (USP), no Butantã, na Zona Oeste, onde ainda há outro em investigação. Por causa disso, haverá vacinação de bloqueio na Cidade Universitária, onde circulam cerca de 100.000 pessoas por dia letivo.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, existem 364 notificações de casos de suspeita da doença em investigação em todas as regiões da cidade. Não houve registro de mortes. Entre os casos confirmados na capital, oito são importados — ou seja, a infecção ocorreu fora de São Paulo — e os demais estão sendo investigados para que se possa determinar se a contaminação ocorreu internamente. A pasta ainda informou que “não é possível afirmar que há uma região com maior risco de transmissão da doença”.
Para especialistas, a alta no número de casos é significativa. “Temos de ficar em alerta. Não tínhamos mais casos de sarampo”, disse Zarifa Khoury, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). De acordo com ela, São Paulo não registrava casos de sarampo desde 2016. Além disso, por causa dos surtos da doença em todo o país, o Brasil perdeu o certificado de país livre do sarampo, dado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) em 2016.
Vacinação
Desde o mês passado está sendo feita campanha de vacinação na capital paulista com foco em pessoas de 15 a 29 anos — que é o grupo mais vulnerável à doença já que é comum pessoas nessa faixa etária não terem tomado o reforço. Apesar disso, até segunda passada, só 1,6% da população nessa faixa etária havia se imunizado. A campanha continua até o dia 12 de julho, portanto, quem não tem certeza se tomou as duas doses deve procurar o posto de saúde mais próximo.
Especialistas ressaltam que adultos na faixa de 30 anos devem ficar atentos, pois, no passado, a vacinação era feita aos 9 meses e em apenas uma dose. Portanto, é preciso atualizar a caderneta de vacinação. Quem não conhece sua situação vacinal pode se vacinar de novo, já que a imunização não causa problemas de saúde e garante certeza da proteção contra a doença.
Embora casos de sarampo em jovens e adultos seja menos grave do que em crianças ou idosos, a imunização é importante, pois ajuda a evitar que o vírus da doença – que é altamente contagioso – se espalhe. “A cada semana, tenho de um a dois casos. A maioria de jovens e adultos. O risco nessa população são infecções secundárias, mas pode haver complicações, como pneumonia, encefalite, perda auditiva”, alertou Raquel Muarrek, infectologista do Hospital São Luiz.
Na USP
Os casos na Cidade Universitária foram relatados pelas direções da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e da Escola de Comunicação e Artes (ECA), duas das principais unidades da USP. Segundo a universidade “um membro discente” foi diagnosticado. Por causa disso, alunos, professores e funcionários da FFLCH foram convocados a se vacinar nesta sexta-feira, 5, em ação de bloqueio.
Ações desse tipo costumam ser realizadas em todos os locais frequentados por pacientes com suspeita de infecção, como casa, escola, unidade de saúde e meios de transporte usado. Ou seja, um único caso pode desencadear múltiplos bloqueios em diferentes áreas da cidade, eventualmente até em estados.
Na ECA, segundo a própria unidade, houve um caso confirmado, na segunda quinzena de junho, e há outro suspeito, mais recente. Não está claro se o caso confirmado na ECA se trata do mesmo que motivou a vacinação na FFLCH. Nas redes sociais, a Associação Atlética da ECA publicou nota convocando alunos para vacinação em postos. A reitoria e a prefeitura do câmpus da universidade no Butantã não informaram o total de estudantes infectados.
Sarampo
O sarampo é uma doença infectocontagiosa grave, altamente transmissível. O contágio acontece através de secreções respiratórias. O período de incubação do vírus varia de oito a doze dias e a transmissão inicia-se antes do aparecimento da doença, perdurando até o quarto dia após o aparecimento das erupções.
Os sintomas incluem indisposição inicial, com duração de três a cinco dias, febre alta (acima de 38,5 graus), mal-estar, coriza, conjuntivite, tosse, falta de apetite e exantema (erupções cutâneas vermelhas). Nesse período, manchas brancas características da doença podem ser observadas na face interna das bochechas. As manchas vermelhas na pele aparecem inicialmente atrás da orelha e se espalham para a face, pescoço, membros superiores, tronco e membros inferiores. A febre persiste com o aparecimento do exantema (manchas).
As complicações mais comuns são: otite média aguda, pneumonia bacteriana, laringite e laringotraqueite. Em casos mais raros há manifestações neurológicas, doenças cardíacas, miocardite, pericardite e panencefalite esclerosante subaguda (complicação rara que acomete o sistema nervoso central após sete anos da doença). Complicações infecciosas decorrentes do sarampo podem levar à morte, particularmente em crianças desnutridas e menores de 1 ano de idade.
O tratamento é sintomático e podem ser utilizados antitérmicos, hidratação oral, terapia nutricional com incentivo ao aleitamento materno e higiene adequada dos olhos, pele e vias aéreas superiores. A vacina é a forma mais eficaz de prevenção. A primeira dose deve ser dada a crianças de 12 meses de idade. Já a segunda, a crianças de 15 meses (1 ano e 3 meses). A vacina não é recomendada para crianças com menos de 6 meses e indivíduos imunocomprometidos. Já a gestante deve esperar para ser vacinada após o parto.
(Com Estadão Conteúdo)