Segundo um artigo na Nature Geoscience, em nenhum momento desde o início da era cristã as temperaturas subiram tão rapidamente
São Paulo — As temperaturas no mundo nunca subiram tão rapidamente nos últimos 2 mil anos quanto hoje. É o que mostram dois estudos divulgados nesta quarta-feira (24), que usaram dados de temperatura compilados de cerca de 700 indicadores, incluindo anéis de crescimento de árvores, núcleos de gelo, sedimentos de lagos e corais, bem como termômetros modernos.
O primeiro estudo, publicado na revista Nature, destaca que durante a “pequena era glacial” (de 1300 a 1850), apesar de ter sido registrado um frio extremo na Europa e nos Estados Unidos, não ocorreu o mesmo em todo o planeta. “Quando olhamos para o passado, encontramos fenômenos regionais, mas nenhum em todo o mundo”, explica Nathan Steiger, da Universidade de Columbia, em Nova York. “Por outro lado, atualmente, o aquecimento é global: 98% do planeta sofreu um aquecimento após a Revolução Industrial.”
Um segundo artigo, na Nature Geoscience, examina a média das variações de temperatura em períodos curtos, de várias décadas. E conclui que em nenhum momento desde o início da era cristã as temperaturas subiram tão rapidamente e de maneira tão regular como ao fim do século 20.
Esse resultado “destaca o caráter extraordinário da mudança climática atual”, afirma Raphael Neukom da Universidade de Berna, na Suíça, coautor do estudo.
Estes estudos “deveriam derrubar definitivamente os argumentos dos céticos da mudança climática que defendem que o aquecimento global observado recentemente se inscreve em um ciclo climático natural”, destaca Mark Maslin da University College de Londres.
Em alta
Com os termômetros marcando 40,5°C, temperatura registrada no oeste da Alemanha, o país bateu seu recorde absoluto de calor nesta quarta-feira, conforme anunciou o serviço meteorológico alemão (DWD).
Na Bélgica, também se registrou um recorde histórico, com 38,9°C, em Kleine-Brogel, no nordeste do país.
De acordo com o diretor de previsões do Instituto Real Meteorológico (IRM), David Dehenauw, trata-se da “temperatura mais elevada desde o início das observações em 1833”.