Pesquisadores dos Estados Unidos desenvolvem duas versões contra a doença que afeta mais jovem garotas
São Paulo – Um teste clínico realizado por profissionais da Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, está avançando no desenvolvimento de uma vacina contra a clamídia, doença sexualmente transmissível (DST). Segundo um relatório publicado na revista The Lancet, a vacina já está sendo testada em humanos.
Para a realização do teste clínico, 36 mulheres saudáveis foram escolhidas para receberem, aleatoriamente, duas versões da vacina ou um tratamento por placebo. Segundo o relatório, ambas as versões da vacina projetada são seguras, e produzem igualmente uma resposta positiva, o que não foi visto durante o tratamento por placebo. Toni Darville, pediatra especialista em doenças infecciosas, relatou no estudo que a vacina pode ter um efeito bastante promissor na saúde pública.
A doença, causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, afeta cerca de 131 milhões de homens e mulheres a cada ano, de acordo com os pesquisadores. A Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou, em junho deste ano, que cerca de 1 milhão de pessoas contraem DSTS todos os dias – entre elas, clamídia, gonorreia e sífilis. A clamídia é mais comum entre mulheres, que sofrem de mais complicações caso não seja tratada, como infertilidade e gravidez tubária – ocorre nas trompas.
“A porcentagem de mulheres que desenvolvem essas complicações é relativamente baixa”, disse Darville. No entanto, a médica complementa que o grande número de infecções retrata um número significante de mulheres com problemas na região pélvica, já que a infecção fica concentrada na região do colo útero.
Segundo Darville, antibióticos podem ser uma solução imediata, mas não são confiáveis para um tratamento. Desenvolver uma vacina que protege o ser humano da bactéria é importante para dar ao paciente uma qualidade de vida melhor. No entanto, é um desafio, visto que a trajetória e vida da bactéria dentro do organismo humano é imprevisível. Com base em testes anteriores realizados em animais, os cientistas esperam que a vacina seja forte o suficiente para provocar uma reação imune consistente.
Se a vacina conseguir passar para os próximos testes clínicos e seu uso for aprovado, a idade ideal para vacinação de garotas e garotos seria por volta dos 11 e 12 anos – mesma faixa etária em que é recomendada a primeira dose de vacina contra a HPV, doença que também é sexualmente transmissível. Os pesquisadores comentaram no relatório que estão bastante otimistas com a aprovação.