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segunda-feira, 23/12/24
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Governo federal promove mudanças na presidência do Iphan

Equipe do presidente Bolsonaro nomeia a arquiteta Luciana Rocha Feres para o cargo, que era ocupado pela historiadora Kátia Santos Bogéa desde 2016

A arquiteta Luciana Rocha Feres
(foto: Reprodução/Redes sociais)

O governo federal promoveu outra alteração em um órgão oficial ligado à cultura e trocou a presidência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan). A historiadora Kátia Santos Bogéa, que era a titular do cargo desde junho de 2016, foi exonerada. Para o lugar dela, o Poder Executivo escolheu a arquiteta Luciana Rocha Feres. Os atos de exoneração e nomeação estão publicados na edição, desta quarta-feira (11/12), do Diário Oficial da União e foram assinados pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

Em redes sociais, Luciana Feres se apresenta como arquiteta e urbanista, professora e consultora na área de patrimônio cultural. Segundo o seu currículo profissional, ela tem “experiência docente na área de Patrimônio Cultural, Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Análise Crítica e Histórica da Arquitetura e Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas: história e teoria da arquitetura e do urbanismo, preservação e gestão do patrimônio cultural e ambiental urbano, educação patrimonial, intervenções em edificações e áreas urbanas de interesse de preservação, cultura e cidades”.

A arquiteta é doutoranda em Ambiente construído e patrimônio sustentável na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A nova presidente do Iphan ainda possui mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Escola de Arquitetura da UFMG, especialização em Revitalização Urbana e Arquitetônica e graduação em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, em belo Horizonte (MG).

Luciana já foi Gerente de Cultura do Serviço Social do Comércio (SESC), em Minas Gerais, e foi coordenadora do Programa de Candidatura do Conjunto Moderno da Pampulha a Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Além disso, ela tem passagens pela Diretoria de Museus e Centros de Referência e pela Diretoria do Conjunto Moderno da Pampulha, ambos na Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte.

Mudança prevista

O recém-nomeado secretário-especial de Cultura, Roberto Alvim, já alertava para a alteração. Na terça-feira (10/12), após se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro, ele declarou: “estamos estudando o caso do Iphan”. “Meio bilhão de reais que o órgão lida por ano. É um caso muito complexo. A gente está estudando delicadamente e com muito esmero o caso”, disse.

Há algumas semanas, Alvim tem feito uma série de alterações no setor cultural com a justificativa de que o governo federal não pode “aparelhar” a produção artística do Brasil. “Um governo de esquerda patrocina propaganda ideológica. O governo de direita patrocina obras de arte. O que estamos lutando é pelo renascimento do conceito de obra de arte. O que nós estamos fazendo é criando uma equipe muito forte para promover um renascimento da cultura e da arte no Brasil”, comentou o secretário-especial.

Em um dos primeiros atos, ele aprovou a escolha do jornalista Sérgio Nascimento de Camargo para a presidência da Fundação Cultural Palmares. Posteriormente, o Poder Executivo nomeou Dante Mantovani para ser o novo presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Segundo ele, “o rock ativa as drogas, que ativam o sexo livre, que ativa a indústria do aborto, que ativa o satanismo. O próprio John Lennon disse que fez um pacto com o diabo”.

Segundo Alvim, Bolsonaro apoia todas as nomeações feitas para a área da cultura. Nesta quarta-feira, o presidente disse a jornalistas que “gostou muito” da escolha de Camargo para a Palmares — na terça-feira, o chefe do Palácio do Planalto o conheceu pessoalmente. “Excelente! Excelente! Não vou entrar em detalhes (do encontro) porque vocês deturpam tudo isso aí. Não tem essa história de branco e negro. Nós somos iguais e ponto final”, afirmou Bolsonaro. “Não vou falar o detalhe. Gostei muito dele”, completou.

Camargo já causou polêmicas por dizer que a escravidão foi “benéfica para os descendentes” e que não existe “racismo real”. Para ele, o líder quilombola Zumbi dos Palmares, responsável por dar nome à instituição, foi “um falso herói dos negros” e o Dia da Consciência Negra, feriado comemorado no dia da morte de Zumbi, causa “incalculáveis perdas à economia do país”. Após a conversa com Bolsonaro, ele reforçou que o feriado precisa acabar.

“Claro que tem que acabar o Dia da Consciência Negra, que é uma data da qual a esquerda se apropriou para propagar vitimismo e ressentimento racial. Isso não é uma data do negro brasileiro. Isso é uma data de minorias empoderadas pela esquerda, que propagam o ódio, ressentimento e a divisão racial”, disse Camargo.

A nomeação dele foi suspensa na quarta-feira passada (4/12) pelo juiz federal substituto Emanuel José Matias Guerra, da 18ª Vara Federal de Sobral (CE), depois do repúdio manifestado, por parte da sociedade, sobretudo lideranças negras, causado por declarações de Camargo, que também é negro, sobre o movimento no Brasil. No entanto, a Advocacia-Geral da União (AGU) confirmou, na segunda-feira (9/12), que apresentou recurso ao Tribunal Regional Federal da 5ª região (TRF-5) contra a decisão.

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