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Backer admite presença de dietilenoglicol em cervejas e diz não ter como arcar com despesas urgentes

Mais de 30 casos suspeitos de intoxicação pela substância tóxica são investigados.

Sócia e diretora executiva da cervejaria Backer, Ana Paula Lebbos, ao centro — Foto: Juliana Perdigão/TV Globo

O advogado da Backer, Estevão Nejm, disse em audiência pública nesta quarta-feira (4), realizada na Câmara Municipal de Belo Horizonte, que há presença de dietilenoglicol nas cervejas. A polícia investiga a intoxicação de 34 pessoas pela substância tóxica. Seis morreram.

“Existem sinais de que pode haver mono e dietilenoglicol em qualquer cerveja como parte de um processo de fermentação”, disse ele.

A defesa da cervejaria também alegou que não pode custear as despesas médicas das vítimas porque o Tribunal de Justiça de Minas Gerais bloqueou os bens da empresa. Ele pode chegar à quantia máxima de R$ 100 milhões de reais, divididos entre valores, veículos e imóveis.

Os parentes cobram que a empresa se responsabilize pelos gastos urgentes porque há pessoas que não possuem plano de saúde.

A sócia e diretora executiva da cervejaria, Ana Paula Lebbos, disse que espera pela conclusão do inquérito. “ A Backer ainda não foi culpada de nada e, quando for, vai se responsabilizar. Mas a Backer ainda não é culpada”, falou ela.

Inquérito

A investigação sobre casos de intoxicação por dietilenoglicol encontrado em cervejas da Backer não tem data para ser concluída. Uma nova perícia começou a ser feita na última quinta-feira (27) dentro da fábrica da cervejaria no bairro Olhos D’Água, na Região Oeste de Belo Horizonte.

A ação pretende descobrir se houve vazamento de dietilenoglicol. Porém, ela foi interrompida nesta sexta-feira (28) porque os tanques 10 e 17, onde a substância tóxica foi encontrada, precisam passar por uma limpeza. Por causa disso, eles foram lacrados novamente.

De acordo com a Polícia Civil, a fornecedora dos tanques está auxiliando na elaboração de uma técnica que possibilite a retirada total de qualquer produto químico do equipamento a ser testado.

Ainda não há previsão para a conclusão dos trabalhos periciais. O inquérito enfrenta questões que não são comuns à investigação policial. De acordo com a corporação, é preciso entender o método de fabricação da cerveja para que a apuração seja feita.

Mais de 40 pessoas já prestaram depoimentos, entre vítimas, familiares e testemunhas. Ainda segundo a polícia, os laudos dos exames realizados em amostras das cervejas entregues pelos familiares das vítimas estão em fase final de elaboração.

Arte mostra etapas de perícia realizada na cervejaria Backer

A Polícia Civil investiga 34 casos que podem estar ligados ao consumo de cervejas da Backer contaminadas com dietilenoglicol, seis pessoas morreram. A fábrica em Belo Horizonte foi interditada pelo Mapa, que também determinou recall de cervejas.

A Backer disse em nota que a Polícia Civil coletou duas amostras das substâncias utilizadas na higienização, para prova e contraprova. “O material será encaminhado a um laboratório para testes. Caso o resultado seja negativo para os líquidos intoxicantes (monoetilenoglicol e dietilenoglicol), o tanque será liberado para a realização do teste de estanqueidade. Caso o resultado seja positivo, o processo de higienização será refeito”.

A cervejaria disse ainda que está “colaborando com as autoridades desde o início das investigações e manterá a sociedade informada sobre o andamento dos processos”.

Polícia Civil volta à fábrica da Backer nesta sexta-feira (28) — Foto: Fred D'Ávila/TV Globo
Polícia Civil volta à fábrica da Backer nesta sexta-feira (28) — Foto: Fred D’Ávila/TV Globo

Lotes

De acordo com o Mapa, 53 lotes estão contaminados, segundo análises feitas pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA/MG), vinculado ao ministério.

Os 12 rótulos são:

  1. Belorizontina
  2. Backer Pilsen
  3. Backer Trigo
  4. Brown
  5. Backer D2
  6. Capixaba
  7. Capitão Senra
  8. Corleone
  9. Fargo 46
  10. Layback D2
  11. Pele Vermelha
  12. Três Lobos Pilsen

No dia 19 de fevereiro, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) determinou que a empresa Três Lobos custeasse os tratamentos de saúde de vítimas.

No dia 12 de fevereiro, a Justiça havia determinado o bloqueio de bens da Backer para reparação de danos aos consumidores atingidos. O valor pode chegar à quantia máxima de R$ 100 milhões de reais, divididos entre valores, veículos e imóveis.

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