Com a possibilidade de prorrogar o prazo da suspensão de aulas, governo local determinou que as escolas ofereçam a modalidade de ensino a distância aos alunos. Com 191 casos confirmados da Covid-19, GDF vai alugar 20 leitos de UTI
À medida que cresce o número de casos confirmados de pacientes com coronavírus no Distrito Federal, aumentam também as incertezas a respeito da volta à normalidade e à rotina. Com as portas fechadas desde 16 de março, as escolas do Distrito Federal se preparam para voltar às aulas por meio do ensino a distância (EaD). A medida vale caso o prazo para o fim da suspensão (previsto para 4 de abril) se estenda.
Neste cenário, a partir de 6 de abril, alunos das redes pública e privada de ensino devem dar continuidade ao ano letivo. No caso das escolas públicas, a decisão vale, a priori, apenas para os 80 mil estudantes do Ensino Médio. O cronograma passa depois aos anos finais do Ensino Fundamental, e, por último, aos anos iniciais. No entanto, ainda não há data para o início dessas etapas.
Segundo a Secretaria de Educação, os jovens terão acesso ao conteúdo pela plataforma on-line Moodle. Para tanto, é necessário usar um computador ou smartphone com Internet. Para acessar as aulas, que terão vídeos e conteúdos interativos, é preciso login e senha. O órgão está treinando professores e coordenadores para a utilização pedagógica da ferramenta. Primeiramente, quatro mil professores do Ensino Médio farão o curso.
De acordo com a pasta, cerca de 90% dos estudantes da rede pública de ensino têm acesso à internet por celular. Para atingir todos os alunos, a Secretaria de Educação articula com operadoras de planos de dados o oferecimento de pacotes aos demais. Em nota oficial, o órgão disse que está dialogando com emissoras de TV e rádio para viabilizar a disponibilização dos conteúdos nesses veículos. “Podcasts também poderão ser utilizados”, afirma o texto.
O Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) criticou a determinação. Em um comunicado oficial assinado pelo diretor Samuel Fernandes, ele afirma que o ensino a distância é inadequado para crianças e adolescentes. “A EaD cumpre um papel específico no processo educativo, porém não supre a necessidade de situações de aprendizagem dos estudantes da educação básica no que se refere as aulas presenciais”.
Na visão do diretor do sindicato, teleaulas não podem substituir os encontros presenciais, principalmente na educação básica. “Ao divulgar que irá prover de Internet gratuita os estudantes do DF que não possuem esse serviço em casa, ou oferecer teleaula por canal aberto de TV numa cidade em que 90% da população tem televisão, o GDF busca se desvencilhar das críticas sobre o fornecimento de EaD para crianças e adolescentes”, alfineta.
No caso da rede particular, algumas escolas já estão adotando a modalidade. Rodrigo de Paula, diretor do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep-DF), explica que mais da metade das 600 escolas privadas já se preparavam para oferecer aulas on-line. “A gente lamenta a situação, porque é um problema de saúde, mas não tem alternativa”.
Medidas emergenciais
Com 195 casos confirmados de Covid-19, o Distrito Federal segue sendo a terceira unidade da federação com maior incidência do vírus no país. Ainda não há nenhuma morte por coronavírus no DF, e um caso foi curado: a advogada Daniela Teixeira, conselheira federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Houve, porém, aumento no número de internações hospitalares: seis pessoas apresentam quadro grave da infecção e cinco estão em estado crítico. A maioria dos infectados, no entanto, está em isolamento domiciliar, sendo que 121 tem quadro leve e 64 casos com diagnóstico clínico. A Secretaria de Saúde deixou de divulgar os casos suspeitos.
A pasta anunciou algumas medidas para reforçar o combate ao coronavírus. Uma delas é a suspensão de afastamentos legais de 1.620 servidores da Saúde que estavam de férias, licenças ou abonos. Segundo o órgão, isso representa 5% da força de trabalho total. Outra decisão é o investimento de R$ 21,6 milhões em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital Maria Auxiliadora, no Gama. A unidade de saúde faz parte do grupo Santa, que informou que 20 leitos serão alugados para o GDF pelo prazo de 12 meses, que podem ser prorrogados por igual período, repetindo-se por mais cinco anos.
Além disso, o Executivo local publicou no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) de ontem extratos de contratos para compra de medicamentos usados no tratamento de doenças hepáticas, respiratórias e para hemodiálise, mais de R$ 2,6 milhões. Não existe, contudo, expectativa de quando os insumos estarão disponíveis. Enquanto isso, o Corpo de Bombeiros publicou aviso de licitação para a compra de 10 mil testes rápidos de diagnóstico de Covid-19.