Alto número de mortes por coronavírus aumenta pressão sobre o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson
O número de mortes pela covid-19 no Reino Unido chegou a 38 mil no início de maio, de longe o pior já relatado na Europa, o que provoca dúvidas a respeito da maneira como o primeiro-ministro, Boris Johnson, está administrando a crise do coronavírus.
Cifras publicadas pelo Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS) para a Inglaterra e o País de Gales elevaram o total oficial de mortes do Reino Unido a 38.289 até o dia 3 de maio – quase seis mil a mais no intervalo de uma semana, de acordo com uma contagem de dados de registros de óbitos feita pela Reuters.
Embora métodos de contagem diferentes tornem a comparação com outros países difícil, a cifra confirma que o Reino Unido está entre os mais atingidos por uma pandemia que já matou mais de 285 mil pessoas em todo o mundo.
Os dados vieram um dia depois de Johnson delinear um plano gradual para os britânicos voltarem ao trabalho, o que inclui o conselho de usar máscaras de proteção caseiras – mas sua tentativa de suspender o isolamento do coronavírus causou confusão.
Um número de mortes tão alto aumenta a pressão sobre o premiê. Partidos de oposição dizem que ele demorou demais para impor o isolamento, para adotar exames em grande escala e para obter equipamentos de proteção suficientes para os hospitais.
Os dados também pintaram um quadro sombrio das casas de repouso, especialmente afetadas pelo vírus.
“As casas de repouso (estão) mostrando o declínio mais lento, infelizmente”, disse Nick Stripe, um estatístico do ONS, à BBC TV.
“Pela primeira vez de que me recordo, no total houve mais mortes em casas de repouso do que em hospitais naquela semana.”
Os números mostraram que agora estes estabelecimentos representam um terço de todas as mortes de Covid-19 na Inglaterra e no País de Gales.
Publicada na semana passada, uma reportagem especial da Reuters mostrou que as casas de repouso foram as mais vitimadas pela diretriz concebida para blindar os hospitais da Covid-19, que deixou muitos dos mais frágeis expostos.
Ao contrário do total diário de mortes anunciado pelo governo, as cifras desta terça-feira incluem mortes possíveis de Covid-19, a doença respiratória causada pelo novo coronavírus.