Crivella publicou ontem (25) um decreto que incluindo templos religiosos entre as atividades que não têm restrição para funcionamento no Rio
Disponibilizar álcool gel 70% para os fiéis, garantir distância mínima de 2 metros entre frequentadores, inclusive garantindo esse espaçamento ao dispor o mobiliário, e só permitir acesso e permanência se a pessoa estiver usando máscara. Com essas regras e outras, o prefeito Marcelo Crivella publicou ontem um decreto em edição extra no Diário Oficial incluindo igrejas e outros templos religiosos entre as atividades que não têm restrição para funcionamento na cidade.
Missas, cultos e atividades externas deverão seguir essas orientações. O decreto não proíbe a presença de idosos nem pessoas com comorbidades, mas diz que pessoas com 60 anos ou mais, que tenham diabetes, câncer e outras doenças devem “dar preferência” a cultos online.
Em sua decisão, Crivella citou o decreto que o presidente Jair Bolsonaro editou em março, incluindo as instituições religiosas entre as atividades essenciais. O prefeito também justificou a medida afirmando que “as instituições religiosas têm sofrido interferências e embaraços indevidos em seu funcionamento, praticados por ações equivocadas dos agentes públicos” e que “cabe à prefeitura a autorização para a expedição de alvarás de templos religiosos”.
No governo do estado, os decretos do governador Wilson Witzel sobre isolamento social não proibiram igrejas de forma explícita. No entanto, há o entendimento do Palácio Guanabara que aglomerações de todo tipo estão proibidas, inclusive em templos religiosos.
Escolas ainda sem data
Em relação às escolas, ainda não há um cronograma de reabertura. Empresários chegaram a apresentar uma proposta para que reabrissem já no dia 1º, o que não vai acontecer.
A prefeitura ainda não estabeleceu quando outros setores serão reabertos. O decreto com fechamento de diversas atividades vence no próximo domingo, e a prorrogação ainda vai ser decidida pelo comitê científico. Mas o prefeito adiantou que os primeiros serviços liberados deverão ser lojas de automóveis, de venda de imóveis e academias.
As restrições começaram no último dia 12 e têm sido prorrogadas semanalmente. Nos próximos dias, a Secretaria Municipal de Saúde começa a publicar protocolos de orientação para os setores se prepararem, mas ainda não há data para a abertura.
Comitê científico é contrário
A decisão de Crivella de liberar atividades em templos religiosos vai contra o que o comitê científico, convocado pela prefeitura, havia recomendado no sábado. Dois médicos que estiveram no encontro com o prefeito afirmaram ao EXTRA que ficaram “surpresos” ao terem conhecimento do novo decreto.
O presidente do Cremerj, Sylvio Prozano, e o professor de Medicina Preventiva da UFRJ Celso Ramos explicaram que o comitê recomendou a continuidade das proibições de eventos que causam aglomerações, e o caso da igreja foi usado como exemplo.
“O anúncio de hoje (ontem) me surpreende. (Tivemos um) esforço danado no sábado para evitar isso”, disse Prozano.
O comitê é formado por especialistas, como médicos, epidemiologistas, economistas e matemáticos, além de Crivella e integrantes da prefeitura.
Celso Ramos disse que citou o exemplo de uma pequena cidade nos EUA em que, no início de maio, duas pessoas com coronavírus participaram de missa, o que acabou contagiando 35 das 92 pessoas presentes, e três morreram. Depois, outras 26 pessoas da cidade de contagiaram e mais uma veio a óbito.