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Ibovespa sobe mais de 2% supera os 93 mil com otimismo sobre reabertura

Dados econômicos melhores do que as projeções de mercado endossam tom positivo

Bolsa: rali das reaberturas continua (d3sign/Getty Images)

A bolsa brasileira voltou a apresentar forte valorização, nesta quarta-feira, 3, puxada pelo bom humor global com as reaberturas e com dados econômicos positivos no radar dos investidores. Às 11h18, o Ibovespa, principal índice de ações, subia 2,4% e marcava 93.235,66 pontos.

Em meio ao otimismo generalizado, parte do mercado acredita que o Ibovespa possa voltar aos patamares do início do ano, mesmo com a economia mais fraca no mundo. Para William Teixeira, diretor de renda variável da Messem Investimentos, há espaço para a bolsa chegar no zero a zero, desde que não tenha uma segunda onda de contaminação em países onde já há o maior controle sobre a doença. “A bolsa deve precificar rapidamente melhora da economia”, disse.

Nesta manhã, os dados de desemprego dos Estados Unidos, divulgada pelo Instituto ADP, melhorou ainda mais o ânimo do mercado ao ficar mais de dois terços abaixo das projeções. De acordo com o ADP, em maio, o setor privado do país perdeu 2,76 milhões de postos de trabalho ante uma expectativa de perda 9 milhões de postos. Os dados são conhecidos como “prévia” do payroll, que será divulgado nesta sexta.

“O ADP melhor [que o esperado] deu um ‘plus’ no movimento de alta”, comentou Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. Segundo ele, a velocidade da recuperação da bolsa pode não ser sustentável. “De repente, depois de 3 ou 4 dias de alta, a bolsa vira sozinha, naquela de que ‘virou porque tinha que virar’.”

Embora o momento seja atípico até para os mais experientes, Vieira acredita que ainda dá para “surfar nessa onda”. “Tudo depende de cautela para saber a hora de entrar e de sair”, disse.

Nos Estados Unidos, o S&P 500 avança pelo quarto pregão consecutivo e caminha para sua sétima alta em oito pregões. O tom positivo ocorre mesmo em meio uma série de protestos desencadeada após a morte do cidadão negro George Floyd por agentes da polícia de Minneapolis.

Apesar da turbulência social que o país vive, Vieira não acredita que as manifestações tenham algum impacto sobre o preço dos ativos, a menos que ocorra uma “disrupção” dos protestos, que levasse à impossibilidade de locomoção (como invasão de aeroportos) ou a uma escalada da violência.

No cenário interno, repercutem positivamente os dados da indústria brasileira, que foram melhores do que a expectativa. Em abril, a produção industrial recuou 27,2% na comparação anual ante uma perspectiva de queda de 33,1%.

Os índices de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) composto de maio também ficaram acima dos registrados em abril no mundo inteiro, sugerindo que o pior cenário econômico já ficou para trás. “O mercado está olhando para frente. Não tem como correr uma maratona olhando para o pé”, comentou Vieira.

Destaques

Na bolsa, ativos ligados a reabertura das economias lideram as altas da sessão. Na ponta do índice, voltam a figurar as ações da agência de turismo CVC, que disparam 12,9%. Na última sessão, o ativo subiu 20%. Os papéis das companhias aéreas GOL e Azul também apresentam boa performance, subindo 11,7% e 8,5%, respectivamente.

“Gol e Azul estão com planos de retomada de voos. Elas também podem ganhar market share com outras empresas do setor passando por maiores dificuldades, como a Avianca [colombiana] e a Latam”, afirmou Teixeira.

Entre as varejistas, as maiores valorizações são de empresas mais voltadas ao comércio físico, como as de vestuário. No Ibovespa, os papéis da Hering avançam 7%, enquanto os da Renner, 3,7%. Fora do índice, as ações da Marisa sobem 7,8% e da Guararapes (da marca Riachuelo), 5%.

Com grande peso no Ibovespa, os grandes bancos também apresentam forte movimento de recuperação, com a expectativa de que a inadimplência seja menor do que a projetada pelas companhias. Bradesco, Banco do Brasil e Santander sobem cerca de 5% e o Itaú, 3,7%.

“Deve ter um número menor de empresas quebrando. Então, o setor financeiro começa a reagir a isso.  Se as provisões não se concretizarem nos próximos trimestres, o dinheiro volta para o caixa em forma de lucro”, disse Teixeira.

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