A companhia quase triplicou sua participação de mercado no Brasil entre janeiro e março deste ano
A taiwanesa MediaTek recuperou a liderança do mercado de chips para celular no mercado de smartphones na América Latina, posição antes ocupada pela Qualcomm — que lidera o setor globalmente.
Segundo dados da consultoria americana IDC, a MediaTek teve parcela de mercado de quase 32% no primeiro trimestre de 2020 na América Latina. No mesmo período do ano passado, o número era de 18,3%. No Brasil, o salto foi de quase três vezes na parcela de mercado de chips para celulares, passando de 11,09% no primeiro trimestre de 2019 para 32,7% no período entre janeiro e março deste ano.
Em outros países da América Latina, como México, Argentina e Chile, a MediaTek também ampliou sua presença em cerca de duas a três vezes no primeiro trimestre de 2020.
Samir Vani, gerente geral no Brasil da MediaTek, afirma que a participação de mercado de empresas de chips depende muito do desempenho de vendas de ‘ de celulares. A aposta da companhia no primeiro trimestre deste ano foi em chipsets com internet móvel 4G voltados ao segmento chamado de intermediário-avançado, no jargão do mercado, que descrever os smartphones que não são topo de linha, mas têm recursos avançados, como câmera que tira foto com desfoque do fundo ou recursos de reconhecimento de imagens por meio de inteligência artificial.
Por estratégia de mercado, a MediaTek opta por não ter um chip para smartphones topo de linha. Com isso, estamos em cada vez mais produtos de marcas que são sucesso de mercado. Há uma tendência de as fabricantes de celulares usarem seus próprios chips nos modelos mais sofisticados. Por isso, mantemos a nossa missão de democratizar o acesso à tecnologia. Pensamos em trazer uma tecnologia superior a um preço competitivo em cada um dos segmentos nos quais estamos presentes”, diz Vani, em entrevista à exame.
Os chips da MediaTek são adotados por fabricantes como Samsung, Motorola, LG, Xiaomi e Huawei.
Coronavírus
A pandemia de coronavírus afetou a produção e a demanda de todas as empresas de eletrônicos do mundo, levando o mercado de celulares abaixo do 300 milhões de unidades vendidas no primeiro trimestre deste ano, segundo a Counterpoint Research.
Ainda assim, Vani conta que o mercado de chips não foi tão afetado pela crise devido à demanda de longo prazo pelos produtos.
“A natureza do negócio de semicondutores é de longo prazo e isso faz com que o impacto nos trimestres seja um pouco menor do que para uma fabricante de dispositivos, que pode ter uma queda de unidades vendidas. Como os pedidos de chips foram feitos 16 semanas antes da fabricação, a indústria de semicondutores fica um pouco mais descolocada no tempo e, por isso, devemos ter um impacto menor. Quando isso começar a atingir a empresa, já veremos uma retomada das vendas de aparelhos”, afirma.
Os próximos passos da companhia envolvem chips compatíveis com a rede móvel 5G, processadores para carros com sistemas de condução autônoma, chips para máquinas de pagamentos e para dispositivos para casas conectadas.