Segundo o presidente do conselho da BRF, se por um lado há pujança, por outro há uma crise a cada dois a três anos no Brasil
Pedro Parente, presidente do conselho da BRF, fez uma mea-culpa sobre a ideia de que se formou acerca do desmatamento do território brasileiro. “Nós temos dado nossa contribuição também, especialmente nos últimos meses, para formação dessa ideia equivocada”.
“Precisamos ter uma posição inequívoca de que nós [do setor] sabemos lidar com o meio ambiente. Com uma agenda relativa aos temas de meio ambiente e da sanidade animal, temos de falar por fatos e atos — não por discurso [vazio] — e construir uma imagem coerente e consistente. Quando isso acontecer, os investimentos estrangeiros voltam.”
Um exemplo são os dados da área de plantio. São 65 milhões de hectares voltados para a plantação de soja, milho e outros grãos, enquanto há 200 milhões de hectares de pastagens e de áreas sem cortar uma árvore. “Quem desmata não é produtor, é bandido”, afirma o ex-presidente da Petrobras, citando uma frase do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
Mesmo com o avanço no campo, Parente diz que “poderíamos ir muito melhor.” A explicação é que, se por um lado há pujança no campo, por outro há uma tremenda volatilidade na economia brasileira. “Vivemos uma crise a cada dois a três anos. Fala-se muito e se faz muito pouco sobre o custo Brasil e as microrreformas econômicas para melhorar o ambiente de negócios em geral. Isso não é em favor do empresário e, sim, em favor do Brasil.”
A expectativa é que a safra deste ano seja de 250 milhões de toneladas. “Muita gente fala que o país está se transformando em exportador de produtos primários, como se isso fosse algo negativo, mas não há nada de errado nisso: o agronegócio contribui para o crescimento do país, não somos vilões, e a China e Índia vão precisar de alimentos. É uma oportunidade incrível.”