Alphabet, Amazon, Apple e Facebook chegaram a 5 trilhões de dólares de valor de mercado em meio a uma recessão recorde na Europa e nos Estados Unidos
A dicotomia entre a dura realidade econômica e a exuberância do mercado financeiro volta a ficar marcada nesta sexta-feira. Hoje termina um auxílio emergencial semanal de 600 dólares que os Estados Unidos vêm pagando a 20 milhões de cidadãos para atenuar as consequências da crise do novo coronavírus.
O Congresso e a Casa Branca não conseguem se entender sobre uma extensão dos pagamentos. O partido democrata defende a continuidade dos pagamentos até 2021, o que demandaria um pacote extra de 3,4 trilhões de dólares. Mas os republicanos, preocupados com o déficit galopante do país, defendem reduzir os pagamentos para 200 dólares semanais.
O debate será feito um dia depois de os EUA anunciarem a maior queda trimestral do PIB em sua história, de 32,9%. Também ontem o grupo das quatro maiores empresas de tecnologia do país — Alphabet, Amazon, Apple e Facebook — divulgaram resultados trimestrais históricos, turbinando o desempenho de suas ações após o fechamento do pregão de ontem. As companhias devem começar a sexta-feira em forte alta na bolsa, confirmando os cálculos de que seu valor de mercado conjunto passe dos 5 trilhões de dólares pela primeira vez na história.
Os investidores seguem confiantes que as empresas serão cada vez mais dominantes num mundo pós-pandemia, apesar da crescente pressão dos reguladores americanos (esta semanas os presidentes das quatro empresas precisaram depor ao Congresso). O problema, para os investidores e para as companhias, é que a confiança parte do pressuposto que a recuperação econômica será rápida.
Nesta sexta-feira, a Zona do Euro anunciou uma queda histórica de 12,1% do PIB na comparação com o primeiro trimestre, confirmando que a região vive a recessão mais profunda de sua história. Apesar disso, as bolsas europeias abriram em alta — o índice Stoxx 600 subia 0,6% até as 7h de Brasília. Entre o presente aterrador e a esperança na retomada, os investidores seguem preferindo mirar a segunda opção.