A vacina da Rússia não está presente no relatório da OMS e acende dúvidas na comunidade científica
O governo da Rússia anunciou neste sábado, 1, que irá fazer uma vacinação em massa contra o novo coronavírus já em outubro deste ano. Além deste anúncio, o país, que vem gerando controvérsia sobre a sua vacina, também informou ter finalizado todos os testes de sua proteção e que ela foi capaz de induzir uma resposta imune em todos os voluntários, sem efeitos colaterais ou complicações mais graves.
A informação foi dada pela agência de notícias estatal da Rússia, a RIA. De acordo com a agência, o Instituto Gamaleya está tentando conseguir uma aprovação regulatória para a vacina — um requerimento necessário antes da distribuição.
Os pesquisadores do instituto, antes de tudo, teriam testado as vacinas neles mesmos para avaliar a efetividade do projeto para desenvolver uma resposta imune no organismo humano. Vale notar que todas as vacinas que estão na fase três de testes geraram resposta imune, mas é preciso que a imunidade criada pela vacina no organismo humano seja protetora para evitar os sintomas do contágio pelo novo coronavírus.
Em entrevista a outra agência de notícias russa, a TASS, Denis Manturov, ministro da indústria do país, afirmou que a expectativa é de que “milhões de doses sejam produzidas por mês até 2021”.
No entanto, se a vacina der certo, a Rússia ganhará a nova guerra fria em busca de uma proteção contra a covid-19. Além de aliviar a crise de saúde mundial, que já matou mais de 680 mil pessoas, seria um golpe nos Estados Unidos e no Reino Unido, que recentemente acusaram o país de hackear seus sistemas para derrubar pesquisas sobre vacinas contra a covid-19.
Nenhum estudo relacionado à vacina russa foi divulgado, o que acende dúvidas na comunidade científica em relação à efetividade da proteção. O país tem recebido acusações de que as notícias sobre uma vacina são, na verdade, parte de uma propaganda política.
A fase três de testes começará no início deste mês, segundo um oficial do fundo de investimento do país para uma vacina.
A vacina russa é baseada no adenovírus humano fundido com a espícula de proteína em formato de coroa que dá nome ao coronavírus. É por meio dessa espícula de proteína que o vírus se prende às células humanas e injeta seu material genético para se replicar até causar a apoptose, a morte celular, e, então, partir para a próxima vítima.
Especialistas em saúde pública seguem prevendo as vacinas para meados de 2021.
De acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) do dia 31 de julho, 26 vacinas estão em fase de testes e outras 139 estão em desenvolvimento. Das 26 em testes clínicos, 6 estão na última fase. A vacina da Rússia não está presente no relatório da OMS.