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Tesouro IPCA 2020 vence na segunda-feira. Como reinvestir o dinheiro?

Vencimento do título indexado à inflação vai devolver R$ 63 bilhões a investidores na segunda-feira (17)

Decisão deve ser ponderada pelo perfil e objetivos do investidor (Priscila Zambotto/Getty Images)

Nesta segunda-feira (17) vence o título Tesouro IPCA 2020 e R$ 63 bilhões será devolvidos a quem investiu no título. Os valores cairão automaticamente na conta da corretora.

Para quem quer reinvestir o valor, que já estará corrigido pela rentabilidade e com desconto do Imposto de Renda e outras taxas, pode surgir a dúvida sobre o que fazer com o dinheiro agora. Afinal, com a taxa Selic em 2% ao ano, ainda vale a pena reinvestir o valor da renda fixa?

Segundo analistas consultados, sim. Mas isso vai depender do seu perfil de investidor e objetivos da aplicação,  “O perfil do investidor não é estático. Desde a aplicação no título ele pode ter modificado. Tem a ver com momento de vida, capacidade financeira, idade e também experiência. O investidor pode aprender a calcular melhor o risco. Isso o torna apto para aplicar em produtos mais arrojados”.

Isso porque o vencimento do título irá desbalancear a carteira. Portanto, pode ser necessário equilibrá-la novamente com aplicações mais conservadoras, de acordo com o seu perfil. Além disso, títulos indexados à inflação são indicados para objetivos de longo prazo, como a aposentadoria.

Veja abaixo algumas opções de onde colocar o dinheiro resgatado com o vencimento do título.

Reserva de emergência

Machado lembra que, por conta da crise provocada pela pandemia, muita gente pode ter usado parte da sua reserva de emergência. O vencimento do título, portanto, é uma boa oportunidade para recompor os valores.

Para isso, a melhor opção continua sendo o Tesouro Selic, ainda que a taxa de juros pagas esteja baixa.

Tesouro IPCA

Se o investidor tem objetivos de longo prazo, pode fazer a rolagem e comprar um outro título Tesouro IPCA, disponível na plataforma do Tesouro Direto. É o que indica Rodrigo Fontana, analista da corretora Guide. “Mesmo que os juros tenham diminuído bastante, o Tesouro IPCA 2035 e 2045 ainda oferecem uma taxa de juros real de 4% ao ano. É o dobro da Selic. Para os padrões globais, ainda é uma taxa generosa, considerando que na compra do título há apenas o risco do governo não pagar a dívida”.

Atualmente, o Tesouro IPCA com vencimento em 2026 paga IPCA mais 2,30%. Portanto, apenas a porção pré-fixada do título rende mais do que a Selic. “É necessário, contudo, lembrar que esses títulos são marcados a mercado diariamente e seus preços podem oscilar. Mas, caso sejam levados até o vencimento, essa será a taxa de rendimento da aplicação”, conclui Fontana.

Além disso, a previsão atual é de que a economia possa reagir a partir do ano que vem. Como consequência, a inflação pode voltar a subir. Nesse cenário, estar posicionado no título é atrativo.

Debêntures incentivadas

Uma opção mais rentável do que os títulos do Tesouro IPCA, e que também pofdem ser indexadas à inflação, são as debêntures incentivadas, isentas de Imposto de Renda. É o que indica Andressa Pavlovsky Bergamo, assessora de investimentos da AVG Capital. “Por mais que sejam títulos de empresa, essas aplicações pagam IPCA mais uma taxa prefixada.

Segundo Bergamo, a preferência deve ser por ativos de empresas consideradas triple A. “Muitas empresas estão emitindo debêntures, CRAs e CRIs agora e os prêmios continuam atrativos, apesar de estarem menores do que os que eram oferecidos em 2017 e 2018, por exemplo. É possível encontrar títulos que pagam IPCA + 5%. ou 4,5%. Ou seja, apenas com a parte prefixada é possível ter uma rentabilidade maior do que a da Selic”.

Mas é necessário analisar cada título para diluir riscos. “Um profissional costuma analisar o rating da empresa e histórico da diretoria e gestão antes de recomendar a compra aos investidores”.

Fundos multimercado com baixa volatilidade

Caso o investidor perceba que seu perfil e portfólio permita alocar ao menos uma porção do dinheiro em aplicações mais arriscadas, como forma de obter maior rentabilidade, é possível optar por fundos multimercados com baixa volatilidade. É uma maneira de investir com um risco controlado na classe de ativo.

Um fundo com baixa volatilidade pode ter vários tipos de estratégia. A diferença é que ele toma menos risco em mercados de dívida, ações e moedas. “Entre as classificações da Anbima, ele poderia ser um Long and Short Neutro. Porque 95% do patrimônio está em títulos públicos e só 5% está em Long Short efetivamente”. Fundos de ações

Fundos long only têm somente posições compradas em ações, enquanto os long biased se dividem em posições compradas e vendidas, lucrando tanto com a alta quanto com a baixa do mercado. Já fundos long & short também funcionam como os long biased, com a diferença de que operam com pares de ativos iguais.

O importante é ver se o fundo apresenta resultados consistentes, diz Machado. “Pode ser interessante entrar nesses fundos agora porque os gestores já estão buscando se posicionar para uma próxima onda de valorização de ações. como aconteceu no início deste ano”.

Fundos que investem no exterior

Fundos que investem lá fora, sejam ETFs ou fundos multimercado ou ações do tipo “Investimento no exterior” também podem ser interessante para diversificar a carteira.

A diversificação no exterior não deve ser encarada como um risco maior ao portfólio, mas uma proteção adicional. Isso porque a redução da volatilidade da carteira é obtida por conta de uma baixa correlação ou correlação negativa dos ativos que o compõem. O investimento em economias e moedas diferentes tem esse papel.

Fundos sistemáticos

Bergamo, da AVG Capital, também recomenda a alocação em fundos sistemáticos, que vão bem na crise. Por mais que sejam fundos de ações, essas aplicações costumam ter uma volatilidade menor e baixa correlação com outros ativos da carteira.

Apesar de sua característica ser a descorrelação com outros ativos, isso não significa que os fundos possam ser usados como uma proteção pelo investidor.

É o que explica Machado, “Os fundos quantitativos ficam no meio do caminho. Podem ajudar na diversificação da carteira. Mas uma proteção é quando a descorrelação com outros ativos é negativa, e não é esse o intuito desses fundos”.

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