Checagem será feita na base da Serasa, que já verifica CPF para corridas em dinheiro. Empresa também apresentou dados de investimentos durante pandemia
O problema de segurança no Brasil é primordial para a Uber. A empresa falou sobre isso até mesmo em seu prospecto de abertura de capital em 2019. Justamente por isso, a Uber investe em melhorias e tecnologia para diminuir incidentes e mitigar riscos no país. Nesta quinta-feira, 3, a empresa anunciou a expansão de algumas das medidas de segurança que já existem e também novidades para usuários e motoristas na plataforma.
Durante evento chamado Uber Destino, a empresa anunciou que vai passar a pedir o envio de documento do RG para usuários que quiserem fazer pagamentos em dinheiro na plataforma. A medida é uma maneira de evitar crimes e golpes, que são mais comuns nesse tipo de pagamento.
O usuário vai precisar submeter uma imagem do RG para a Uber, que vai checar a validade do documento em um banco de dados. Caso não haja validação do RG, o usuário fica impossibilitado de fazer a viagem. De acordo com a empresa, o banco de dados em questão é o mesmo já usado para fazer a checagem de CPF, com base nas informações na Serasa.
A Uber também anunciou a expansão, para as mais de 500 cidades que opera no Brasil, da funcionalidade de gravação de áudio durante a corrida — uma função lançada em 2019 para trazer maior segurança a motoristas e usuários, que podem usar as gravações como forma de balizar denúncias feitas por comportamento impróprio.
Outra expansão será no serviço U-Ajuda, que, entre outras funcionalidades, checa tempo de viagem e paradas inesperadas. A partir de agora, a tecnologia também vai se certificar de que está tudo bem quando uma corrida for encerrada antes do destino final.
A empresa também irá permitir que restaurantes consigam comunicar aos usuários quais medidas de prevenção e saúde estão tomando no preparo de alimentos, além de distribuir para entregadoes material educativo com foco em prevenção de acidentes. A Uber já tem um seguro contra acidentes para motociclistas e ciclistas que entregam pela plataforma.
Medidas durante a pandemia
A Uber também apresentou um balanço das medidas que foram adotadas pela empresa durante a pandemia de covid-19 para mitigar riscos e também prestar auxílio a motoristas e entregadores parceiros.
Até o momento foram investidos mais de 50 milhões de reais no país entre auxílios, reembolso para materiais de limpeza, kits de higienização, desinfecção de automóveis e instalação de divisórias.
Para motoristas e entregadores que tiveram contato com a covid-19 ou que estão no grupo de risco, a Uber afirma ter distribuído 11 milhões de reais. Segundo Cláudia Woods, diretora da Uber no Brasil, as necessidades da comunidade foram mudando durante a pandemia e a empresa adaptou as ações tomadas. “O reembolso foi a primeira ação que tomamos, porque no momento inicial não havia como comprar álcool em gel”, disse. “As coisas foram mudando e trouxemos parceiros para nos abastecer de máscaras e equipamento de limpeza, depois lançamos os centros de higienização”.
Queda das corridas e aumento das entregas
À Exame, Woods falou ainda das mudanças que a Uber passou durante a pandemia de coronavírus: o faturamento da divisão de corridas caiu drasticamente, de acordo com o último balanço trimestral da empresa. De acordo com ela, a característica da empresa de não oferecer apenas serviços de corrida e caronas permitiu acelerar mudanças em outros negócios, como entrega de comidas.
“Esse lado do negócio diminuiu, mas tivemos crescimento de mais de 100% de Uber Eats, que passou a ser uma plataforma que conta com supermercado, através de uma integração importante com a Cornershop [adquirida pela Uber em outubro de 2019], farmácia, redes de conveniência, além do crescimento no número de restaurantes que estão na plataforma”, afirmou.
Segundo ela, diversos dos serviços e mudanças lançados durante os últimos seis meses, como Uber Flash, que permite usar o aplicativo para serviços de entrega, e as novidades no segmento de delivery eram inovações que estavam nos planos da Uber, mas que tiveram desenvolvimento acelerado pelo momento e pela demanda dos usuários. “Com essa possibilidade de mudar o foco aceleramos uma série de novidades, que já estavam previstas, para que elas pudessem entrar no ar o mais rápido possível, no momento em que as pessoas mais precisavam, que era no auge da pandemia.”
A receita do segundo trimestre da Uber despencou 29%, para 2,2 bilhões de dólares, apesar da alta na demanda por entregas. A receita das entregas dobrou, mas, as corridas, que têm um peso maior na composição do faturamento, caíram 73% no período entre abril e junho. O prejuízo da Uber nesse trimestre foi de 1,8 bilhão de dólares.
O período da pandemia de coronavírus também marcou a Uber por causa de demissões. No final de maio, a companhia anunciou a demissão de 3.000 funcionários, semanas depois de a já ter demitido 3.700 pessoas. Além disso, a empresa afirmou que fecharia 45 escritórios ao redor do mundo. Ambas as demissões equivalem a 25% de toda a força de trabalho que a Uber tinha no fim do ano passado.