Agora, profissionais de saúde que já tiveram Covid-19 podem se inscrever para pesquisa. Vacina chinesa virou motivo de polêmica após presidente cancelar acordo para aquisição.
Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) ampliaram os critérios para participação nos testes de uma vacina contra o novo coronavírus, desenvolvida pela farmacêutica Sinovac Biotech. Segundo os responsáveis, ainda há 150 vagas disponíveis para voluntários.
Inicialmente, só podiam participar profissionais de saúde maiores de 18 anos, que atuam na linha de frente do combate à Covid-19 e não tivessem sido infectados pela doença. Agora, também podem se inscrever aqueles que já foram diagnosticados com o vírus, com ou sem sintomas (veja mais abaixo).
A mudança nos requisitos para os testes da CoronaVac foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na última semana, o imunizante chinês virou alvo de polêmica após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cancelar um acordo para aquisição da vacina.
Testes na capital
Os testes com a vacina chinesa começaram no DF em 5 de agosto. Até esta quarta-feira (21), 700 voluntários foram incluídos no estudo. O Hospital Universitário de Brasília (HUB) é um dos 12 centros no Brasil que participam do ensaio clínico, coordenado pelo Instituto Butantan.
De acordo com o coordenador da pesquisa no DF, Gustavo Romero, os resultados obtidos até agora são “bastante positivos”.
“Conforme dados divulgados recentemente pelo Instituto Butantan, a análise preliminar do estudo demonstrou resultados promissores em relação à segurança da vacina”, afirma.
Para participar, é preciso preencher o formulário online, que funciona como uma plataforma de triagem, avaliando se o candidato cumpre os requisitos para o estudo.
Após o pré-cadastro, o interessado deve enviar um e-mail para o endereço informado e a equipe que integra a pesquisa entrará em contato com cada profissional para confirmar os dados e agendar o atendimento no Hospital Universitário de Brasília (HUB), onde são realizados os testes.
A pesquisa é direcionada a profissionais de saúde que cumpram os seguintes requisitos:
- Tenham mais de 18 anos;
- Trabalhem em serviço de saúde atendendo pessoas com Covid-19;
- Tenham registro no conselho profissional regional;
- Não apresentem doença crônica;
- Se mulher, não estejam gestantes;
- Não participem de outro ensaio clínico.
Ao aceitar participar da pesquisa, o voluntário assina um termo de consentimento e se compromete a comparecer ao HUB periodicamente, durante doze meses, para acompanhamento da saúde. O voluntário aprovado receberá duas doses do material, com intervalo de 14 dias
Metade dos participantes não vai tomar a vacina, mas um placebo, para fazer parte do “grupo de controle”, que servirá de base para que os pesquisadores identifiquem os efeitos da composição em quem, efetivamente, recebeu as doses.
Ministério da Saúde e a “vacina chinesa”
Na terça-feira (20), o Ministério da Saúde anunciou, em reunião com governadores, que a União compraria 46 milhões de doses da CoronaVac. No entanto, nesta quarta-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro afirmou, em sua página no Facebook, que o Brasil não vai comprar “a vacina da China”.O ministro da saúde, Eduardo Pazuello, havia dito que, quando a vacina fosse aprovada, as doses seriam distribuídas a todo o Brasil por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), que há décadas é responsável por campanhas nacionais de vacinação.
“Temos a expertise de todos os processos que envolvem esta logística, conquistada ao longo de 47 anos de PNI. As vacinas vão chegar aos brasileiros de todos os estados”, disse Pazuello na terça-feira.
No entanto, após a manifestação do presidente, o Ministério da Saúde mudou o tom e disse que “não há intenção de compra de vacinas chinesas” contra a Covid-19.
A Sinovac tem um acordo com o governo de São Paulo para fornecimento da vacina pronta e, também, para a transferência da tecnologia de produção para o Instituto Butantan.