A economia do Reino Unido cresceu 1,1% em setembro na comparação com agosto, abaixo do esperado
A economia britânica cresceu 1,1% em setembro na comparação com agosto, abaixo do esperado mesmo antes das mais recentes restrições a empresas devido à Covid-19, ficando atrás de outros países em sua recuperação do choque da pandemia.
Analistas consultados pela Reuters esperavam que a expansão desacelerasse a 1,5% em setembro. Os dados oficiais desta quinta-feira destacam que a economia deve voltar a contrair conforme 2020 chega ao fim, em meio ainda à incerteza sobre um prazo de 31 de dezembro para o acordo do Brexit.
Entre julho e setembro, o Produto Interno Bruto cresceu um recorde de 15,5% sobre o trimestre anterior. Mas isso não foi suficiente para compensar as perdas de quase 20% no segundo trimestre, que incluiu o primeiro lockdown.
A economia está sendo impulsionada por mais de 200 bilhões de libras em gastos emergenciais e cortes de impostos determinados pelo ministro das Finanças, Rishi Sunak. Também ajuda o programa de compra de títulos do banco central britânico, agora ampliado para quase 900 bilhões de libras.
Apesar desses esforços, o Reino Unido, que passou de 50 mil mortes por coronavírus na quarta-feira, o número mais alto da Europa, sofreu a maior queda do PIB entre as principais economias listadas pela Agência para Estatísticas Nacionais.
Economistas dizem que isso aconteceu porque as medidas iniciais de lockdown duraram mais do que em outros países e tiveram um impacto particularmente forte sobre serviços, setor que compõe 80% da economia britânica.
Indústria
A produção industrial cresceu 0,5% em setembro ante agosto, segundo dados publicados hoje pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês) do país. O resultado ficou abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam avanço de 1,1% no período.
Apenas a produção manufatureira britânica cresceu 0,2% em setembro ante o mês anterior. O ONS também informou que o Reino Unido teve déficit na balança comercial de bens no valor de 24 bilhões de libras em setembro, bem maior do que o saldo negativo de 9,4 bilhões de libras previsto por economistas.
Taxa sobre transações
Duas semanas depois de dizer que o plano de criar um imposto sobre transações eletrônicas estava “morto”, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender a ideia como forma de viabilizar a desoneração da folha de pagamento.
— Quando nós falamos em desonerar a folha, nós precisamos encontrar uma forma de financiamento dessa desoneração. E aí falamos então no imposto, na contribuição, sobre transações, inclusive as digitais, que são as que mais crescem no país. Foi nesse sentido que consideramos essa alternativa de tributação, mas sempre com a perspectiva de que não há aumento de impostos, é uma substituição tributária — disse Guedes, durante evento com o setor de supermercados.
No fim de outubro, em audiência pública no Congresso, o ministro havia dito que a ideia estava descartada e vinha sendo criticada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Na ocasião, Guedes disse que estava considerando que precisava parar de falar no tributo, defendido por ele e sua equipe desde a campanha eleitoral, mas enfrenta dificuldades por ser comparada à antiga CPMF, que vigorou entre 1998 e 2007 no país e se tornou extremamente impopular.
A nova declaração sobre o plano ocorreu após o ministro ser questionado se a reforma tributária traria aumento de impostos.
Além de defender a substituição do tributo sobre salários pela taxação sobre transações, Guedes voltou a afirmar que, na proposta do governo, dividendos — hoje isentos — passarão a ser tributados, como compensação a uma redução da tributação sobre o lucro das empresas.
— Não haverá aumento de imposto para quem paga imposto. Agora, quem nunca pagou, vai pagar. Então você fala: “Vai haver aumento de imposto sobre dividendos?”. Vai, os impostos sobre dividendos subirão, sim. “Vai aumentar imposto sobre quem estava isento antes e nunca pagava?”. Vai, se nós tributarmos as transações, quem não pagava, vai começar a pagar — acrescentou o ministro.
Ele afirmou, no entanto, que a decisão sobre as medidas depende de articulação política, como costuma dizer ao se referir aos planos da equipe econômica:
— É a política que dá o timing das reformas. Foi a política que permitiu a remoção dos privilégios na Previdência, a retomada dos leilões de petróleo, o envio da reforma administrativa.