Projeção consta no Relatório Trimestral de Inflação e considera a alta dos financiamentos às empresas bem como a recuperação do consumo das famílias
O Banco Central (BC) acredita que o crédito vai crescer 15,6% no Brasil neste ano. A projeção consta no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e é maior que o esperado anteriormente: 11,5%. Mas, segundo o BC, isso pode ser explicado pela alta dos financiamentos às empresas e, também, pela recuperação do consumo das famílias.
“A projeção de crescimento do saldo das operações de crédito do SFN [Sistema Financeiro Nacional] em 2020 foi elevada de 11,5%, no Relatório anterior, para 15,6%. O aumento decorre tanto da demanda acentuada de crédito das empresas como pela recuperação do crédito às famílias, em especial no segmento com recursos livres”, diz o RTI, divulgado nesta quinta-feira (17/12).
O BC acredita que o crédito pessoa jurídica vai crescer 22,6% neste ano, ante projeção de 16,5%, já que a pandemia de covid-19 levou milhares de empresas brasileiras — inclusive as grandes companhias que, até então, estavam se financiando através do mercado de capitais — a buscar empréstimos bancários. Também contribuem com esse resultado os juros baixos e os programas emergenciais de crédito lançados pelo
governo durante a pandemia, como o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e o Programa Emergencial de Acesso a Crédito (Peac).
No lado das famílias, o BC elevou de 7,8% para 10,4% a perspectiva de crescimento do crédito. A revisão se baseia na “rápida recuperação nas operações de cartão de crédito à vista a partir de junho, em linha com a recuperação das vendas no comércio”, na “aceleração na expansão do crédito consignado, impulsionado pela elevação na margem consignável dos aposentados” e nas concessões de financiamentos imobiliários, que “seguiram surpreendendo positivamente, impulsionadas pelo cenário de taxas de juros historicamente baixas”.
Já para 2021, o BC projeta um incremento de 7,8% do mercado de crédito, pois espera uma normalização das condições de oferta e demanda e, consequentemente, uma desaceleração do crédito às empresas. O número é um pouco maior que o projetado no RTI anterior: 7,3%,
A perspectiva é que, após saltar 22,6% este ano, o crédito às empresas suba 4,2% em 2021. A projeção é menor que os 5,1% projetados no RTI de setembro e considera a evolução da atividade econômica, o fim dos programas emergenciais de crédito e a volta das grandes empresas ao mercado de capitais.
Para as famílias, por sua vez, o BC elevou de 9% para 10,6% a perspectiva de crescimento do crédito em
2021, por conta da “perspectiva de demanda robusta por financiamentos imobiliários no contexto de taxas de juros ainda baixas”.