Investidores pausam rali, após bolsas baterem recordes com promessa de trilhões de dólares de estímulos
O Ibovespa iniciou a semana em queda, em meio ao clima de realização de lucros no mercado financeiro global, após as principais bolsas de valores alcançarem novos recordes na última sexta-feira, 8, quando a promessa de pacotes de “trilhões de dólares” feita por Joe Biden impulsionou novas altas. No Brasil, o Ibovespa fechou pela primeira vez acima dos 125.000 pontos – região perdida ainda nos primeiros negócios desta segunda-feira, 11.
Em dia de agenda econômica vazia, investidores seguem atentos aos desdobramentos do processo de impeachment de Donald Trump, que pode ter início nesta segunda. Segundo o Financial Times, o Partido Democrata deve pedir ao vice-presidente Mike Pence destitua Trump do cargo por incitar a violência nas manifestações de Washington, realizadas na última quarta-feira, 6.
“A tensão politica aumento nos Estados Unidos, com uma ala dos democratas pressionando republicanos para o afastamento do Trump. Acho que vamos ter períodos conturbados até transição (no dia 20)”, comenta Gustavo Bertotti, economista da Messem
No cenário interno, discussões sobre as eleições para a presidência da Câmara e do Senado ganham cada vez mais espaço nas mesas de negociações, com investidores ponderando como será o cenário para o andamento de reformas e os efeitos fiscais da possível retomada do auxílio emergencial.
“A possibilidade de renovação do auxílio preocupa porque o teto de gastos tem que ser respeitado. O mercado local está muito atrelado ao exterior e não vem absorvendo tanto isso. Mas essa questão doméstica vai começar a fazer preço, ainda mais com o aumento das medidas restritivas”, diz Bertotti.
Em lados opostos na disputa pelo comando da Câmara, o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia, chamou o presidente Jair Bolsonaro de covarde neste fim de semana por segundo a Veja, atribuir ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o atraso para o início da vacinação. Na sexta-feira, 8, a Fiocruz e o Instituto Butantan pediram à Anvisa a autorização do uso emergencial das vacinas desenvolvidas em parceria com a Oxford/AstraZeneca e com a chinesa Sinovac. Segundo Pazuello, na melhor das hipóteses, a vacinação deve começar até o dia 20, e na pior, até o fim de março.
Enquanto a vacina não sai, os números de mortes e infecções por coronavírus voltam aos níveis do pico da doença. No domingo, a média móvel de sete dias de óbitos pela doença superaram a marca de 1.000 pessoas pela primeira vez desde agosto. Em meio ao crescimento do número de hospitalizações, medidas de isolamento foram reforçadas em Belo Horizonte, onde shoppings da Aliansce Sonae e da Multiplan, ambas com capital aberto na bolsa, tiveram que ser fechados para atividades não essenciais.
Com o cenário internacional negativo, o índice Dxy, que mede a variação do dólar contra as principais moedas do mundo, tem a maior alta desde meados de dezembro, subindo 0,44%. O dólar também se valoriza contra moedas emergentes, sendo o real a com maior desvalorização. Rumo à quinta alta consecutiva, o dólar avança mais de 1% contra o real nos primeiros negócios do dia.
“O dólar está sob pressão no nosso mercado, em especial, por ser o “refugio” defensivo dos riscos fiscais que se acentuam continuamente”, comenta em nota Sidnei Nehme, diretor executivo da NGO. Na máxima desta manhã, a moeda americana chegou a ser negociada por 5,5125 reais.