Estudo sobre fósseis descobertos em uma ilha do Canal da Mancha, no Reino Unido, indica parentesco entre o homem de Neandertal e o ser humano
Os seres humanos compartilham pelo menos 2% do DNA do homem de Neandertal, primata que surgiu há 400 mil anos na Europa e no Oriente Médio. Até pouco tempo atrás, no entanto, poucas evidências jogavam luz sobre as interações entre os neandertais e o Homo Sapiens, que suplantou outras comunidades de hominídeos e deu origem ao ser humano moderno.
Novos estudos realizados sobre 13 dentes do homem de Neandertal encontrados em uma caverna em uma ilha do Canal da Mancha, no Reino Unido, estão aprofundando a compreensão sobre o passado da humanidade.
O material genético, analisado recentemente, revela que os antigos primatas e o Homo Sapiens conviveram em comunidade em período crítico da história da humanidade. O homem de Neandertal é considerado menos inteligente do que o ser humano. Estudos a respeito de fósseis também indicam que sua capacidade de mobilidade era inferior a do Homo Sapiens.
Os dentes encontrados na caverna são de 48 mil anos atrás, quando os seres humanos, vindos da África, se espalharam pela Europa e parte da Ásia. Em plena Idade do Gelo, a vida não era fácil. Além de mudanças climáticas, os habitantes do planeta precisavam enfrentar alterações geológicas e na alimentação disponível.
As novas análises indicam que os fósseis encontrados na ilha La Cotte de Saint Brelade, hoje pertencente ao Reino Unido, contêm material genético tanto do homem de Neandertal como do Homo Sapiens, evidenciando o cruzamento entre as duas espécies.
O homem de Neandertal, portador de menos mobilidade física do que o Homo Sapiens e diferentes características morfológicas, desapareceu há 40 mil anos. A hipótese mais plausível para sua extinção era um violento conflito com a espécie humana, além de doenças e o impacto das mudanças climáticas. Com os estudos sobre os fósseis, ganhou força a ideia de que os primatas ancestrais foram absorvidos pelos humanos, por meio de interações que levaram a relações consanguíneas.
As escavações na ilha, iniciadas há 100 anos, devem recomeçar. “Temos a chance de olhar de perto para esse cenário e descobrir mais elementos da história humana”, diz o arqueólogo Matthew Pope, do Instituto de Arqueologia da Universidade de Londres.