Controladoria-Geral do DF aponta irregularidades nas obras do Hospital de Campanha da Polícia Militar

Publicado por Redação em

Auditoria identificou ‘indícios de desperdício’ de recursos públicos, sobrepreço na cotação feita por empresas e falta de informações; unidade é usada para atendimento de pacientes com Covid-19. Secretaria de Saúde diz que vai acatar recomendações.

Hospital de Campanha da PMDF, em imagem de arquivo — Foto: Breno Esaki/Agência Saúde

A Controladoria-Geral do Distrito Federal (CGDF) identificou supostas irregularidades em obras do Hospital de Campanha e no Centro Médico da Polícia Militar – destinados a atender pacientes com a Covid-19. Auditoria do órgão, divulgada nesta segunda-feira (9), verificou indícios de desperdício de recursos públicos, sobrepreço na contratação de empresas e falta de informações.

A inspeção ocorreu entre 9 e 24 de julho do ano passado. Apesar do hospital ser da corporação policial, o contrato é de responsabilidade da Secretaria de Saúde. De acordo com a auditoria, houve “falha grave” da pasta ao contratar empresas para prestar serviços na unidade.

Em nota, a pasta informou que “irá acatar as recomendações” da Controladoria.

Inconsistências nos preços
Além da manutenção no Centro Médico da PM, a secretaria contratou um serviço para abertura de 86 leitos de terapia intensiva e 20 de retaguarda para tratamento de pessoas com a Covid-19. O processo foi feito com dispensa de licitação, devido à situação de emergência na saúde pública.

Entretanto, a auditoria identificou inconsistências na cotação de preços que fundamentaram a definição do valor de referência para contratação. De acordo com o relatório, as empresas fizeram propostas para serem contratadas em menos de duas horas após a pasta entrar em contato (veja valores abaixo).

Cotação de preços para obras no Centro Médico da PMDF — Foto: CGDF/Divulgação

Cotação de preços para obras no Centro Médico da PMDF — Foto: CGDF/Divulgação

“É praticamente impossível que as três empresas tenham feito suas cotações prevendo os mesmos materiais, com marcas similares, e o mesmo fator de reaproveitamento das respectivas instalações prediais, sem que nenhuma delas tenha visitado o local. E tudo isso na escala dos minutos/horas”, diz o documento.

Além disso, a CGDF afirma que “não existem dados sobre a especificação dos materiais a serem utilizados, que devem ser necessariamente compatíveis com aqueles existentes na edificação do Centro Médico”.

Para o órgão, essas especificações deveriam existir para que fosse feita uma proposta global.

Reforma e sobrepreço

O relatório mostra ainda que cotações foram feitas sem que as empresas tivessem conhecimento do tamanho da edificação. “Ressalte-se que tal metragem não foi encontrada em nenhum dos projetos constantes dos autos”.

“Cabe observar que a planilha de composição da equipe seria dado essencial para a contratação de tais serviços contínuos. Não obstante a carência dos dados fundamentais para uma cotação razoável de preços, foram feitas três cotações com potenciais fornecedores”, diz o texto.

Além disso, o relatório analisou os valores dos serviços contratados e não descartou a possibilidade de sobrepreço. De acordo com a CGDF, quase 25% do valor contratual, ou seja, R$ 1.361.800,00 foi usado apenas para pintar o Centro Médico.

Recomendações

A auditoria deu 30 dias para que a Secretaria de Saúde inicie um procedimento interno para apurar as responsabilidades e o dano financeiro causado pela ausência dos custos efetivos de mão de obra e materiais.

Além disso, o órgão orientou que a pasta implemente manuais operacionais com instruções de desempenho e fixação de responsabilidades para estruturas técnicas e compras feitas pela secretaria.


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