O vírus não respeita ideologias, e ainda não se sabe quem pagará a conta do flagelo que já soma 300 mil mortos pela covid-19
Acenderam o sinal amarelo na Câmara dos Deputados. Na Faria Lima, o semáforo está intermitente, procurando uma via livre que não dobre à direita nem à esquerda. Ao centro e adiante, dizem os acionistas da especulação. Sinal vermelho somente para o chanceler Ernesto Araújo, que tal qual um personagem de Ensaio sobre a Cegueira, não vê nada neste momento.
Ao mundo real, falta ar. Faltam oxigênio, leitos de UTI, insumos e sedativos para a dura tarefa de obrigar um corpo contaminado a respirar por aparelhos.
Atravessou-se o rubicão de 300.000 mortos pela covid-19. O vírus não respeita ideologias. É por um cenário de tragédia em que o mundo político se pega sem respirar, sem ter respostas e incapaz de articular de forma coerente as reações devidas. Houve medidas e ações em vários momentos, mas houve também omissões e erros de cálculo para prever certas consequências óbvias. E elas estão chegando. Ficarão ainda durante um tempo sendo ruminadas pelos principais atores da cena trágica.
A conta sempre chega, hora mais ou menos. É da lógica. Quem pagará ainda não está claro, mas há muitos candidatos recebendo os sinais de que terão prejuízo futuro.
Mas pelo menos há o sinal da vacina, crescendo e imunizando cada vez mais gente. Esse é o sinal verde diante de tantas luzes fechadas.