Poupança já era: por que a caderneta é a pior opção para sua reserva
O primeiro investimento da minha vida foi na poupança. Na verdade, o primeiro investimento que fizeram por mim. Meu avô, que viveu os períodos de hiperinflação e juros altíssimos antes do Plano Real, tinha um certo apego pela poupança, por ser um investimento extremamente seguro e com boas rentabilidades. Por isso, resolveu me dar de presente algumas aplicações na caderneta, assim que nasci.
Não é que estou reclamando do meu presente, mas a poupança hoje em dia não é mais aquela que meu vô tanto apreciava nos anos 90. É verdade que a caderneta continua sendo uma aplicação relativamente segura ‒ talvez o investimento com menos riscos de todo o mercado ‒ e com alta liquidez. Ou seja, quem precisa do dinheiro com urgência, pode resgatá-lo no mesmo dia.
Mas seus rendimentos já não são mais os mesmos. E a querida caderneta se tornou uma das piores opções de investimento do Brasil, mesmo com os juros voltando a subir e a Selic se aproximando dos 12%.
Vou te explicar por quê.
Por que a poupança não é mais tão rentável?
Em 2012, o governo anunciou mudanças na rentabilidade da poupança, que acabaram tornando-a bem menos atrativa. Desde então, a caderneta segue as seguintes regras:
Se a taxa Selic for inferior a 8,5% a.a.: poupança rende 70% da Selic + TR
- Se a taxa Selic for igual ou superior a 8,5% a.a.: poupança rende 0,5% a.m. (cerca de 6,17% a.a.) + TR
A TR (Taxa Referencial) é uma remuneração baseada na negociação de títulos públicos federais, mas que normalmente não traz grande relevância. Até o ano passado, por exemplo, ela estava zerada há muito tempo. Agora, seu valor é de aproximadamente 0,05% ao mês. Ou seja, quase zero pensando nos investimentos.
Com isso, a poupança acaba sempre rendendo menos do que a Selic, que é considerada a taxa básica de juros da economia.
Acontece que você pode ter aplicações que rendem tanto quanto a Selic e são tão seguras e líquidas quanto a poupança. Por isso, continuar na caderneta é, no mínimo, uma atitude irracional pensando no seu portfólio.
Como ter a mesma segurança e liquidez da poupança, com rendimentos maiores?
Como já mencionei, dois grandes atrativos da poupança são sua segurança e sua liquidez (ou seja, a rapidez com a qual você consegue resgatar o investimento).
Por isso, a caderneta acaba sendo muito utilizada para a chamada reserva de emergência. Afinal, o dinheiro guardado para este fim não pode sofrer grandes perdas e precisa ser resgatado facilmente, caso necessário.
Mas não é porque se trata da reserva de emergência que você precisa ter retornos ruins. Sua reserva pode sim ser rentável. Basta escolher a aplicação certa.
Claro que não se trata de um investimento que vai multiplicar seu patrimônio exponencialmente. Não é este o objetivo. Para buscar ganhos mais robustos, você pode diversificar seu portfólio em ações ou criptomoedas, por exemplo.
O que eu quero te mostrar é que você pode escapar dos retornos pífios da poupança e ainda assim manter os mesmos parâmetros de segurança e liquidez, montando sua reserva de emergência com este investimento.
No mesmo período que a poupança rendeu “meros” 6,03%, esta aplicação rendeu 9,49%.
Sem correr nenhum risco adicional, você poderia ter lucrado 57% a mais. Simples assim.
Sabe o que isso significa na prática? Vou te mostrar com números concretos. Imagine que você tenha aplicado R$ 10.000 para formar sua reserva de emergência, lá em março de 2020 (período considerado para as rentabilidades citadas acima).
- Na poupança, você teria ganhado R$ 603;
- Com esta aplicação inteligente, por outro lado, você teria mais R$ 949 para ser usado em caso de emergência.
Em apenas dois anos, a diferença foi de mais de 300 reais. Pode parecer pouco, mas agora imagine isso no longo prazo.
Com todo respeito ao meu vô, mas se eu pudesse escolher meu presente, teria escolhido este investimento aqui, e não a poupança.