Apesar das declarações ousadas, a Ucrânia e outros países na periferia da Europa terão de esperar obter sua adesão à OTAN e à União Europeia por muitos anos, escreve o jornal New York Times.
“A ideia dos anéis concêntricos ou níveis dos Estados europeus, a ‘Europa multivelocidade’, foi sugerida antes por várias vezes, inclusive por um ex-presidente francês, François Mitterrand, em 1989, embora naquela época incluísse a Rússia, mas não deu em nada”, relembraram os observadores.
“Até a abertura das negociações sobre a adesão ucraniana é controversa, porque Geórgia e Moldávia também apresentaram o pedido depois dela, enquanto outros países estão há muito tempo presos no processo. A Turquia candidatou-se em 1987, a Macedônia do Norte em 2004, o Montenegro em 2008 e a Albânia e a Sérvia em 2009”, diz o artigo.
Eles acentuaram especificamente o provável desejo de Macron de se beneficiar da crise ucraniana e das ambições europeias do presidente Vladimir Zelensky. Os autores da matéria admitem que o líder francês esteja tentando “colocar os novos pretendentes em algum cercado permanente”, para preservar a influência de Paris sobre Bruxelas.
“Para isso, ele lançou a ideia de um limbo de Bruxelas, em que os países-candidatos pudessem viver até o Dia do Juízo Final. Ele chama isso de ‘Comunidade Política Europeia’ como um complemento para a União Europeia. Isso parece simpático e suficientemente vago, mas o objetivo final é óbvio”, escreveu Eric Gujer, editor do Neue Zurcher Zeitung, citado pelo NYT.
Recentemente, o mandatário francês afirmou que o processo de adesão da Ucrânia à UE pode levar vários anos, até dezenas. Neste contexto, ele propôs criar uma nova Comunidade Política Europeia que poderia aceitar Kiev em sua união.