Ação do indigenista Burno Pereira para combater prática de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas através de pesca ilegal e venda de animais exóticos teria motivado chefe do narcotráfico a pedir a “cabeça de Bruno a leilão”.
Hoje (11) fazem cinco dias do desaparecimento do indigenista, Bruno Pereira e do jornalista britânico, Dom Phillips, e o caso, que ganhou dimensão internacional, aos poucos vem sendo desvendado pelas autoridades.
Segundo a Polícia Federal, um esquema de lavagem de dinheiro para o narcotráfico por meio da venda de peixes e animais que pode estar ligado ao ocorrido. De acordo com O Globo, apreensões de peixes que seriam usados no esquema foram feitas recentemente por Pereira, que acompanhava indígenas da equipe de vigilância da União dos Povos Indígenas do Javari (Unijava).
A ação de Pereira teria contrariado o interesse do narcotraficante Rubens Villar Coelho, conhecido como “Colômbia”, que tem dupla nacionalidade brasileira e peruana. Ele usa a venda dos animais para lavar o dinheiro da droga produzida no Peru e na Colômbia vendida a facções criminosas no Brasil. Há suspeita de que ele teria ordenado a Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado, a colocar a “cabeça de Bruno a leilão”, relata o jornal.
As embarcações levavam toneladas de pirarucus, peixe mais valioso no mercado local e exportado para vários países, e de tracajás, espécie de tartaruga considerada uma especiaria e oferecida em restaurante sofisticados dentro e fora do país.
Pelado foi preso na quarta-feira (8) por porte de munição e de drogas, depois de denúncias de que estava envolvido no desaparecimento de Pereira e Phillips, e teve prisão temporária decretada anteontem (9), na audiência de custódia, pela juíza Jacinta Silva dos Santos, conforme noticiado.
Fontes ouvidas pela reportagem sob anonimato, afirmam que o esquema criminoso tem a participação de colombianos do Cartel de Cali e peruanos da maior facção do país. Eles atuam com a ajuda de pescadores brasileiros nas comunidades de Ladário, São Gabriel e São Rafael, essa última visitada pela indigenista e o jornalista antes de desaparecerem.
Os dois haviam marcado um encontro com Churrasco, um líder comunitário que é tio de Pelado mas não foi ao compromisso. Churrasco trabalharia para Colômbia como “linha de frente” do crime organizado no Vale do Javari, escreve O Globo.
Outros nomes informados por moradores locais e fontes que acompanham as investigações são Nei, Caboclo e Jâneo, que foi ouvido pela Polícia Civil um dia depois do desaparecimento. No mesmo dia, a polícia ouviu Churrasco, mas apesar de serem considerados suspeitos, como Pelado, Jâneo e Churrasco foram liberados.
A Polícia Federal informou ontem ter encontrado “material orgânico aparentemente humano” no rio perto do porto de Atalaia do Norte, que faz parte da área em que se concentram as buscas a Pereira e Phillips, entretnato, o material ainda vai ser analisado pelo Instituto Nacional de Criminalística.