Terracap, Secretaria de Obras e DER-DF conferiram, nesta sexta (24), o avanço do mais ambicioso projeto de escoamento do Distrito Federal
O fim dos alagamentos e enxurradas provocados pelas fortes chuvas no Plano Piloto está cada vez mais próximo. O projeto de escoamento Drenar DF já executou a escavação de cerca de 700 m de túnel do total de 7,8 km contratados. A obra foi dividida em cinco lotes e recebeu investimento de R$ 174 milhões. O trecho mais avançado é o referente às quadras 401/402 e 201/202. A construção do novo sistema teve início em 10 de janeiro.
O método empregado no Drenar DF é conhecido como tunnel liner e garante maior agilidade aos serviços com incômodo mínimo para a população. Os serviços ficam quase totalmente concentrados no subterrâneo. O acesso é feito por poços de visita (PVs), abertos na superfície até que se alcance a profundidade necessária, que pode chegar a 22 metros. A partir deles, é feita a escavação das galerias.
“É um método não destrutivo, em que não agredimos a cidade, não tem abertura de valas, não suja as ruas, não tem desvio de trânsito e conseguimos fazer uma obra muito grande, muito cara, sem incomodar a população”, esclarece o presidente da Terracap, Izidio Santos Junior. Nesta sexta-feira (24), ele e outros representantes do órgão, da Secretaria de Obras e Infraestrutura e do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) conferiram o avanço do projeto de escoamento no PV instalado na 402 Norte.
Presente na ocasião, o diretor técnico da Terracap, Hamilton Lourenço Filho, ressalta que as obras estão avançando o mais rápido possível e que, para as pessoas, o trabalho de máquinas e operadores é quase imperceptível. “A população não tem que lidar com aquelas filas imensas e um monte de terra que sai sujando tudo. Devem estar vendo pequenos canteiros quadrados com uma tenda, que servem para que não chova dentro dos túneis”, diz.
As quadras 401/402 e 201/202 da Asa Norte são consideradas as mais problemáticas no período chuvoso. Dono de restaurante na região há dois anos, o lojista Cristiano Dombroski, 48 anos, acredita que a obra mudará a realidade da região.
“No pouco tempo em que estamos aqui, vimos o que uma grande chuva pode causar no setor. Esta obra realmente vai ajudar não só o comércio, mas a circulação de pessoas também”, destaca.
O barbeiro Elton Souto, 32 anos, revela que, em dias chuvosos, o movimento de clientes diminui devido aos alagamentos. Ele é morador de Sobradinho e também sofre para chegar ao trabalho ou voltar para casa nos dias de temporal.
“Realmente ficava muito complicado para passar”, revela ele. “Os clientes acabam demorando para chegar na loja quando a quadra alaga. Então, vai ser uma melhoria de 100%”, avalia.
Toda a tubulação sairá das redondezas do Estádio Nacional Mané Garrincha e descerá pela via L4 Norte, até chegar no Lago Paranoá. A rede seguirá em paralelo às quadras 902, 702, 302, 102, 202 e 402, cruzando o Eixo Rodoviário Norte (Eixão) e a L2 Norte.
Ao final do percurso, uma bacia de retenção será construída para reduzir a velocidade e melhorar a qualidade das águas pluviais, antes que o volume desague no Paranoá. A lagoa fará parte do Parque Internacional da Paz, um espaço que mistura lazer e natureza no Setor de Embaixadas Norte. O projeto conta com ciclovia, praça e paisagismo – serão plantadas mais de 200 árvores e arbustos de espécies típicas do Cerrado.
A segunda etapa do Drenar DF vai contemplar as quadras 10 e 11 da Asa Norte. A última fase do programa chegará à Asa Sul, na altura das quadras 13.
Método
O tunnel liner apresenta menos riscos aos colaboradores e à população durante as obras. Além disso, o sistema de montagem garante maior produtividade na abertura dos túneis. Outro ponto positivo é a garantia de execução nos mais variados tipos de solo, fazendo o método ser confiável e versátil.
A técnica está sendo utilizada em outras intervenções viárias no DF. “Estamos aplicando a mesma metodologia nas obras da ESPM [Estrada Setor Policial Militar], que faz parte do Corredor Eixo Oeste, um corredor de ônibus que vem do Sol Nascente até o Plano Piloto”, acrescenta a secretária-executiva de Obras, Janaína de Oliveira Chagas, durante a visita desta sexta-feira.
A abertura dos túneis é manual, executada com pás e picaretas. A cada 46 cm de solo escavado, chapas de aço curvadas são montadas para sustentar o túnel aberto. As placas, com espessuras que variam de 2,2 a 6,5 mm, são parafusadas umas às outras conforme a escavação avança.
Para aumentar a resistência das galerias, os espaços vazios que surgem entre as chapas e o solo são preenchidos com a injeção de uma mistura de argamassa e cimento. Já o interior da tubulação é revestido com uma camada de concreto que varia de 5 a 7,5 cm de espessura, medida que protege o aço do efeito corrosivo da água.