Eleições 2026: Tarcísio vê Alckmin como possível candidato de Lula ao Senado por SP e alerta aliados sobre risco à direita
A possível candidatura de Alckmin ao Senado ganha força diante de outros movimentos na base governista
O cenário político paulista para as eleições de 2026 começa a se desenhar nos bastidores com movimentos estratégicos de ambos os campos ideológicos. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), compartilhou com aliados próximos, em conversas reservadas nesta semana, que enxerga o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), como um nome forte para disputar uma das vagas ao Senado Federal. Segundo Tarcísio, a eventual candidatura de Alckmin seria patrocinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e representaria uma ameaça real à direita, sobretudo por conta do recall eleitoral que o ex-governador mantém no interior do Estado.
Na avaliação do governador paulista, Alckmin ainda goza de uma imagem positiva junto ao eleitorado, especialmente nas regiões mais conservadoras de São Paulo, onde construiu sua base política ao longo de décadas. Tarcísio considera que, caso o vice-presidente decida entrar na disputa, poderá tirar uma das vagas que hoje a direita considera como certas.
Embora Alckmin ainda não tenha se manifestado publicamente sobre o assunto, pessoas próximas afirmam que sua intenção principal, neste momento, é manter-se como vice-presidente na chapa de Lula nas eleições de 2026. Caso isso não se concretize, ele deverá avaliar outras opções no cenário paulista. Um interlocutor próximo revelou que o foco atual de Alckmin está na reorganização e fortalecimento do PSB, legenda pela qual tem atuado para atrair quadros insatisfeitos do PSDB.
A possível candidatura de Alckmin ao Senado ganha força diante de outros movimentos na base governista. O ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), já se lançou como pré-candidato ao governo de São Paulo, em evento que contou com a presença do próprio vice-presidente. França, no entanto, condicionou sua candidatura ao aval de Lula, o que abriria caminho para Alckmin mirar o Senado.
Outro nome cogitado para disputar o Palácio dos Bandeirantes pela base de Lula é o do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), que trocou o comando da articulação política do governo pelo Ministério da Saúde, justamente para permitir uma maior estabilidade na pasta até as eleições. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), considerado um nome natural para enfrentar Tarcísio novamente, afirmou recentemente que não pretende entrar na disputa.
Durante o Congresso Nacional do PSB, realizado neste domingo (1º), o presidente Lula defendeu a necessidade de eleger uma maioria no Senado para barrar iniciativas da direita bolsonarista, que, segundo ele, busca “avacalhar” o Supremo Tribunal Federal (STF). “Muitas vezes a gente tem que pegar os melhores quadros, eleger senador da República, eleger deputado federal, porque nós precisamos ganhar maioria do Senado, porque senão esses caras vão avacalhar com Suprema Corte”, declarou. No mesmo evento, Alckmin chamou Lula de “companheiro de trincheira”, reforçando os laços com o petista.
Do lado da direita, os bastidores também estão em ebulição. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), licenciado e atualmente nos Estados Unidos, é considerado o nome mais forte do bolsonarismo para uma das vagas ao Senado. No entanto, sua permanência no exterior e a possibilidade de ser escolhido como sucessor do pai, Jair Bolsonaro, na corrida presidencial, podem tirá-lo da disputa paulista.
Caso Eduardo não entre na disputa, dois nomes ganham força entre os aliados de Tarcísio: o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), cuja recente filiação ao novo partido contou com o respaldo de diversas lideranças políticas; e o ex-ministro do Meio Ambiente e atual deputado federal Ricardo Salles (Novo), que mantém interlocução com setores conservadores do Estado.
A disputa pelas duas vagas ao Senado em São Paulo promete ser uma das mais acirradas do país. A Casa legislativa tem ganhado protagonismo no embate institucional brasileiro, sendo o local onde, por exemplo, tramitariam pedidos de impeachment de ministros do STF. Tanto Lula quanto Bolsonaro têm plena consciência do impacto estratégico do Senado, e a corrida em São Paulo tende a refletir a polarização nacional em sua máxima intensidade.
Enquanto a eleição ainda está a mais de um ano de distância, os movimentos já em curso revelam que os bastidores estão longe de estarem em silêncio. Alckmin, mesmo sem se declarar candidato, já ocupa o centro das preocupações do Palácio dos Bandeirantes.
Com o Agenda Capital
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