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sábado, 23/11/24
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Parlamento de Hong Kong rejeita reforma eleitoral apoiada por Pequim

Projeto causou muitos protestos no ano passado.
Rejeição é ato de desafio e pode causar problemas no país.

Os deputados pró-democracia de Hong Kong derrubaram nesta quinta-feira (18) o projeto de reforma eleitoral que provocou muitos protestos ano passado, em um ato de desafio a Pequim, que havia alertado para o “caos” no caso de rejeição do texto.

Todos os deputados pró-democracia votaram “Não” ao texto que estabelecia as regras para a eleição do chefe do Executivo da ex-colônia britânica em 2017 e incluía pela primeira vez o sufrágio universal, mas que também permitia a Pequim fazer uma pré-seleção dos candidatos.

“A mensagem que enviamos ao governo central do povo (o governo chinês) e ao governo de Hong Kong é que os cidadãos de Hong Kong não aceitam a paródia de democracia”, declarou o presidente do Partido Cívico, Alan Leong.

Do lado de fora do Parlamento, militantes pró-democracia comemoraram o resultado.

“Estou muito feliz”, declarou Ken Tsang, um técnico de informática de 30 anos, que criticou um texto “não democrático” feito por “aqueles que já estão no poder”.

O texto precisa receber pelo menos dois terços dos 70 votos no Conselho Legislativo para ser aprovado.

Mas o projeto foi rejeitado pelos 27 deputados da bancada pró-democracia e por um parlamentar ligado ao governo, recebendo apenas oito votos a favor.

Alguns deputados leais a Pequim, que haviam solicitado, sem sucesso, a suspensão da sessão, abandonaram o Parlamento antes da votação.

“Não temos ideia do que aconteceu com o restante do grupo que decidiu repentinamente abandonar o plenário”, disse James Tien, do Partido Liberal, formação governista.

“Decidimos ficar e votar contra”, completou.

O projeto de reforma, elaborado pelas autoridades locais sob o controle do governo central chinês, contemplava pela primeira vez a eleição por sufrágio sufrágio universal do chefe do Executivo local, que até agora é escolhido por uma votação de grandes eleitores leais em Pequim.

No entanto, o Partido Comunista Chinês continuaria controlando o processo, já que permitiria a participação de apenas dois ou três candidatos pré-selecionados.

A ex-colônia britânica virou em 1997 um território da China com mais autonomia que o restante das regiões do país.

O anúncio da reforma provocou muitos protestos em 2014, liderados por ativistas pró-democracia que paralisaram parte da cidade durante mais de dois meses.

No plano político, nenhuma negociação parece possível.

“Mesmo que não consigamos um verdadeiro sufrágio universal, se não abandonamos o combate, não perderemos”, declarou antes da votação o deputado Gary Fan, do movimento Neo-Democratas.

Suposto complô
Os deputados leais a Pequim consideravam que o projeto representava um avanço e que no caso de rejeição privaria Hong Kong da oportunidade de votar, o que provocaria mais um fator de desestabilizador.

“Se o projeto for vetado, o que acontecerá então? Acontecerá um novo Occupy?”, perguntou Elizabeth Quat, integrante da Aliança Democrática para o Progresso de Hong Kong, um movimento favorável a Pequim, em referência aos protestos do ano passado.

As medidas de segurança foram reforladas ao redor do Parlamento, que fica no bairro financeiro da cidade, depois que a polícia informou ter impedido um suposto complô.

As autoridades anunciaram a detenção de 10 pessoas na segunda-feira, seis delas acusadas de conspiração para a fabricação de explosivos.

As detenções provocaram perplexidade e desconfiança no movimento pró-democracia, que teme um cenário para tentar desprestigiar os ativistas.

O jornal South China Morning Post informa que os suspeitos acusaram a polícia de agressão e ameaças.

 

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