Os 11 detidos serão processados, afirmou Alexandre de Moraes. Ele criticou a afirmação do ouvidor da PM sobre grupos de extermínio.
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, afirmou nesta terça-feira (15) que os 11 policiais militares presos por suspeita de executarem dois homens detidos no Butantã no dia 7 de setembro serão processados e expulsos da PM. Na semana passada, vídeos mostraram os policiais na ação em que os dois presos morreram – um deles foi jogado do telhado de uma casa e depois levou tiros, o outro levou dois tiros quando já estava dominado.
As declarações foram dadas após a participação do secretário durante um debate sobre segurança pública e direitos humanos na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo.
“Onze policiais em relação ao Butantã estão presos. Eles vão ser processados criminalmente e serão expulsos da Polícia Militar. Agora, esse caso não tem nenhuma relação com grupo de extermínio”, disse.
O soldado investigado por jogar um suspeito do telhado durante ocorrência no Butantã, Zona Oeste de São Paulo, disse em depoimento que empurrou o homem porque não tinha como descer com ele, mostrou o SPTV nesta terça-feira (15). A ação foi no feriado de 7 de Setembro.
Ele e outros cinco PMs envlvidos na morte estão presos no Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Norte, desde a noite desta segunda (14). Outros cinco policiais militares já haviam sido levados ao presídio por envolvimento na morte do comparsa de Fernando da Silva, baleado na rua na mesma ocorrência. Por ora, 11 policiais vão responder pelas duas mortes, entre eles uma mulher.
Presos
O policial militar Samuel Paes, das Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicleta (Rocam), aparece no vídeo empurrando Fernando da Silva do telhado. O suspeito ainda foi baleado depois de cair no quintal de uma casa. Paes irá responder indiretamente pelo crime, segundo a Justiça Militar, que atribui a ele omissão e adulterarão da cena do crime.
Outros dois policiais contam uma versão diferente. Relataram em depoimento que atiraram porque Fernando atirou primeiro. Os soldados Fábio Lapiana de Lima e Fábio Gambale da Silva vão responder diretamente pela morte.
Ouvidoria
O secretário rebateu a afirmação do ouvidor Julio Cesar Fernandes Neves em entrevista ao jornalFolha de S. Paulo publicada nesta terça-feira (15). O ouvidor afirmou que “não dá para acreditar que não exista um grupo organizado, chamado de extermínio ou não, formado por pessoas que têm interesse em que bandidos ou supostos bandidos sejam eliminados.”
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) também negou a existência de um grupo de extermínio dentro da polícia paulista.
A entrevista concedida pelo ouvidor diz respeito às recentes mortes com suspeitas de execução por policiais. Além das duas mortes do Butantã, a polícia investiga a participação de policiais na morte de 19 pessoas em uma chacina em Osasco e Barueri. Um policial foi preso e outros são investigados. Moraes considerou a afirmação “panfletária” e feita sem “nenhuma base”.
“Com todo respeito ao ouvidor, ele faz duas afirmações sem nenhuma base. A primeira é que essas ações evidenciariam um grupo de extermínio. Basta verificar que não tem nenhuma relação entre o caso absurdo do Butantã e o caso absurdo de Osasco”, afirma o secretário.
A outra afirmação do ouvidor foi sobre supostas ameaças que vem sofrendo. “Se ele está sendo ameaçado, que coloque quem o está ameaçando. É outra lamentável declaração também muito panfletária”, disse.
O secretário afirmou que não há ainda outros suspeitos concretos de participação da chacina em Osasco e que por isso não houve outros afastamentos.
Ele disse que a investigação que está sendo feita é “profissional” e leva tempo. Na semana passada, foi concluído um primeiro levantamento de registros de ligações de celulares de pessoas investigadas. “Agora estamos terminando esse cruzamento com as testemunhas, com as provas periciais”, disse. “Quando tivermos a certeza daqueles que praticaram, vamos prendê-los e vamos noticiar”, concluiu.