Um mês e cinco dias antes de o ano acabar, 2015 já conquistou o título de ano mais quente já registrado, afirmou nesta quarta-feira (25) a OMM (Organização Meteorológica Mundial). Os culpados são o fenômeno El Niño e o aquecimento global.
O relatório antecipado da OMM sobre o ano diz que o 2015 já ultrapassou 2014, configurando dois recordes sucessivos. É virtualmente impossível que dezembro seja frio o suficiente para que 2015 perca o recorde, diz a organização.
A notícia sai uma semana antes de chefes de estado e de governo se reunirem em Paris para tentar negociar um acordo para lutar contra a mudança climática.
“Tudo isso é má notícia para o planeta”, afirmou o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud, em comunicado.
O recorde não surpreendeu: cientistas da NOAA (Agência Nacional para Oceanos e Atmosfera dos EUA) já alertavam que o ano estava em vias de bater o recorde de 2014.
Marco simbólico
Dados independentes recolhidos pela OMM, Nasa e pelo governo do Japão indicavam a mesma tendência. A temperatura média do planeta neste ano está em 14,57°C, a maior desde o início dos registros em 1880.
“Eu diria que isso é certo”, afirma Deke Arndt, chefe do monitormanto de clima da NOAA. “Algo com uma capacidade maciça de alterar a situação teria de acontecer para que o recorde não seja quebrado.”
Jarraud também diz que é provável que o mundo já tenha atingido um acréscimo de 1°C em relação a temperatura média pré-revolução industrial. É um marco simbólico: líderes internacionais estabeleceram a meta de impedir um aquecimento de 2°C em relação ao período pré-industrial.
“Isso resume bem onde estamos”, afirma Gavin Schmidt, chefe do Instituto Goddard de Estudos Espaciais, da Nasa. “2015 será excepcional de muitas maneiras.”
O planeta está aquecendo por causa de gases de efeito estufa, que aprisionam calor na atmosfera. Além disso, o El Niño — um evento periódico natural caraterizado pela ausência de ventos que resfriam a superfície do Pacífico — está particularmente forte em 2015.
O novo relatório da OMM é um Atlas de clima extremo, descrevendo ondas de calor no Paquistão e na Índia, onde temperaturas já ultrapassaram os 45°C, e tempestades como o furacão Patricia no México. Enxurradas varreram áreas nos EUA, México, Bolívia, Malaui, Zimbábue, Moçambique. Secas atingiram os EUA, Europa Central, Rússia e Sudeste Asiático.