Em março de 2016, a nave decolará da base russa de Baikonur carregando um pequeno robô programado para coletar terra marciana e averiguar se o planeta pode abrigar vida
Estamos sozinhos no Universo? Esta é a questão milenar que a Agência Espacial Europeia (ESA) buscará responder em 2016 com o projeto ExoMars, ambiciosa missão científica rumo a Marte. Em março do ano que vem, a missão decolará da base russa de Baikonur em um foguete Proton-M que transportará em seu interior uma cápsula com um pequeno robô programado para coletar terra marciana e averiguar se o planeta vermelho pode abrigar vida.
A missão – Depois do sucesso da aterrissagem da sonda Rosetta em um cometa em novembro de 2014, a ESA se prepara para uma aventura em Marte que a Europa desenvolve em parceria com a agência russa Roscosmos. O projeto será destaque do calendário europeu espacial do ano que vem. A primeira meta do ExoMars será provar que a Europa pode realizar uma aterrissagem controlada no “planeta vermelho”. A missão custou 1,2 bilhão de euros e pretende alcançar a órbita do planeta situado a 77 milhões de quilômetros da Terra nove meses após o lançamento.
Em 2018, a nave soltará uma pequena parte chamada Schiaparelli, que atravessará a atmosfera marciana em direção à região de Oxia Planum. A nave, de 600 quilos, freará com um paraquedas e ajustará a aterrissagem com pequenos jatos de propulsão quando estiver a 2 metros do solo. Em seguida, o veículo ativará painéis solares, estenderá seus apoios e descerá uma rampa pela qual passará um módulo com rodas e câmeras para explorar o terreno até encontrar um lugar propício para escavar.
Inédito – Quando o ponto de escavação for localizado, o robô usará uma broca para extrair uma amostra a dois metros abaixo da terra, uma profundidade inédita em Marte, onde até agora a terra só tinha sido retirada a poucos centímetros da superfície, nunca no subsolo. O robô se dedicará durante quatro dias a analisar essas amostras e enviar os resultados à nave matriz, que permanecerá por cinco anos na órbita de Marte pesquisando sobre seus gases atmosféricos.
Este será o quarto aparelho controlado a pisar em solo marciano (até então, todos eram da Nasa). A ESA e o Reino Unido já chegaram a Marte com o Beagle em 2003, mas o contato com o aparelho foi perdido ao entrar em contato com a superfície porque dois de seus quatro painéis solares não conseguiram se desdobrar e bloquearam sua antena de comunicação.
Interesse em Marte – A missão começará em um cenário de crescente interesse em relação ao planeta vermelho, por onde atualmente sobrevoam sondas como a indiana Mangalyaan e a americana Maven, que já trouxeram notícias esperançosas. Há cada vez mais consenso sobre a possibilidade de se encontrar restos de forma alguma de vida no planeta e, em setembro, a Nasa anunciou o descobrimento de água líquida em Marte.
Alguns cientistas ainda duvidam da descoberta e acreditam que sejam apenas gases, mas os pesquisadores são relativamente otimistas em relação à possibilidade de que nos últimos 3,6 bilhões de anos tenha existido vida microbiana em Marte. Isso significaria que a Terra não é o único planeta habitável.
O ExoMars também abrirá o caminho para uma missão não tripulada de ida e volta a Marte, prevista para 2020, e conduzirá a pesquisa por um caminho cuja próxima grande fronteira será enviar astronautas ao planeta vermelho para saber se o ser humano pode viver em outros mundos.
A Nasa espera colocar astronautas em órbita ao redor de Marte na década de 2030 e posteriormente na superfície, com o sonho de estabelecer uma colônia local. Mas as contínuas mudanças bruscas da corrida espacial americana exigem que a situação seja considerada com prudência.
Os acadêmicos acham possível um aquecimento global letal na Terra, e, neste sentido, Marte poderia se tornar um mundo habitável para os seres humanos a muito longo prazo.
(Com agência EFE)