Cientistas franceses traçaram direções precisas para que os telescópios consigam visualizar o que seria o nono componente do sistema solar. O “planeta Nove” deve estar entre 32 bilhões a 160 bilhões de quilômetros de distância da Terra
Os astrônomos franceses conseguiram traçar direções precisas para que os telescópios consigam visualizar o que seria o nono planeta do sistema solar. Usando dados da sonda Cassini, que orbita Saturno desde 2004, os pesquisadores elaboraram os cálculos matemáticos de cientistas americanos, que indicaram a presença do novo planeta, e deram um passo além, definindo as áreas específicas para onde os telescópios devem ser apontados para enxergá-lo. De acordo com o estudo publicado na última edição da revista científica Astronomy and Astrophysics, se o novo planeta existir, agora ele poderá ser visto.
“Tendo em vista o que sabemos sobre os movimentos dos planetas do sistema solar, nossos trabalhos nos permitem dizer que é possível que esse nono planeta exista, mas não em qualquer lugar”, disse Jacques Laskar, astrônomo do Observatório de Paris, à AFP.
Descoberta – Em 20 de janeiro, Konstantin Batygin e Mike Brown do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech, na sigla em inglês) anunciaram que um novo planeta, muito grande e muito distante, poderia existir em nosso sistema solar. Os especialistas se apoiaram em modelos matemáticos e simulações computacionais para identificar a existência do planeta Nove.
“Podíamos ficar quietos e passar os próximos cinco anos procurando nós mesmos pelos céus, esperando achar o planeta Nove. Mas eu gostaria que alguém o encontrasse mais cedo”, disse Mike Brown na ocasião da descoberta. “Eu quero vê-lo. Quero ver como ele se parece. Quero entender onde ele está, e eu acho que isso vai ajudar.”
Dotado de uma massa de cerca de dez vezes a da Terra, este planeta se encontraria numa órbita vinte vezes mais distante do que a de Netuno e levaria entre 10.000 e 20.000 anos para completar sua volta em torno do Sol. A principal dificuldade dos americanos de identificar o local foi a distância: estima-se que o “nono planeta” esteja de 32 bilhões a 160 bilhões de quilômetros de distância da Terra. Além disso, por estar mais longe do Sol, sua visibilidade é menor.
Novidades – Os pesquisadores franceses tiveram a ideia de acrescentar este nono planeta, ainda virtual, aos modelos de estudo do sistema solar. “Fizemos a suposição da existência de um planeta na órbita proposta pelos americanos e olhamos a influência que ele teria sobre os outros planetas”, explica Laskar. Assim, os cientistas conseguiram calcular qual a influência que o nono planeta exerceria no movimento de outros planetas em razão da atração gravitacional entre os corpos celestes.
Após observar o comportamento dos planetas, Laskar e sua equipe utilizaram um método de exclusão. Eles identificaram duas zonas em que o planeta Nove não poderia existir, pois seus efeitos seriam incompatíveis com os dados da sonda Cassini. Ao utilizar este método, a equipe conseguiu excluir 50% das áreas estudadas. “Nós dividimos o trabalho por dois”. Antes da pesquisa, a comunidade científica não sabia para onde mirar.
Os pesquisadores trabalharam sobre dados obtidos pela missão Cassini até 2014. “Estes resultados poderiam ser melhorados se o trabalho da sonda fosse prolongad até 2020”, afirma Laskar. Por enquanto, está previsto que a sona Cassini, fabricada pela Nasa em colaboração com a Agência Espacial Europeia (ESA), termina sua missão em 2017.
“Isso vai levar tempo, talvez cinco anos, pois é preciso comparar as imagens do céu espaçadas de um a vários anos para confirmar que o objeto está na órbita prevista” pelos cientistas americanos, afirmou Francis Rocard, responsável pelos programas de exploração do sistema solar na agência espacial francesa CNES
(Com AFP)