Uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz encontrou o vírus na glândula salivar do mosquito, mas ainda não é possível afirmar que ele transmite a doença
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco encontraram o zika vírus ativo na glândula salivar e no intestino do mosquito Culex (pernilongo comum). A revelação sugere que o pernilongo poderia ser um novo vetor de transmissão da doença, além do Aedes aegypti.
“Para concluir isso (em definitivo), só falta identificar em campo a espécie de mosquito infectada com o vírus da zika. Nas casas e onde acontecem registros do vírus estão sendo coletados mosquitos das duas espécies. Trazemos esse material para o laboratório e fazemos os testes moleculares para detectar o vírus nesses mosquitos. Após analisar uma grande quantidade de amostras, poderemos ter uma ideia se o Aedes é o vetor exclusivo, se existem outros vetores e qual a importância de cada um na transmissão”, afirma Constância Ayres, autora da pesquisa.
A presença do Culex em zonas urbanas do país supera em 20 vezes a incidência do Aedes, conforme os especialistas da Fiocruz. Ele também constituiria uma ameaça maior, por estar disseminado quase em todo o mundo, e por ter facilidade de reprodução em água suja – ao contrário do vetor comum de dengue, zika e chikungunya.
Cautela – Apesar do achado, especialistas dizem que o fato de o Culex ser “infectável” não indica obrigatoriamente que ele possa transmitir zika. “O experimento ainda é muito preliminar”, disse Margareth Capurro, bióloga do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP).
Balanço – De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), há 134 mil casos suspeitos de zika no continente e 2.765 confirmados. A organização destaca que, pelo fato de 80% das vítimas serem assintomáticas e ainda existir dificuldade de diagnóstico, esses números não representam o surto.
(Com Estadão Conteúdo)