Ucraniana presa na Rússia mostra o dedo médio para o juiz em audiência

A militar Nadyia Savchenko, acusada de envolvimento na morte de dois jornalistas russos, está em greve de fome há cinco dias

Uma militar ucraniana presa na Rússia completou cinco dias de greve de fome e prometeu nesta quarta-feira, diante um tribunal russo, que só voltará a se alimentar quando retornar à Ucrânia. Nadiya Savchenko, acusada da morte de dois jornalistas russos de 2014, no leste da Ucrânia, também desafiou o juiz com um gesto obsceno.

De acordo com as acusações dos promotores russos, Nadiya, piloto de helicóptero de 34 anos, teria participado do ataque aéreo que matou os dois jornalistas em Luhansk em junho de 2014. Ela estaria treinando voluntários de milícias ucranianas, segundo os promotores russos, que pediram uma sentença de 23 anos de prisão. Nadiya sempre alegou inocência e afirma ter sido capturada pelos rebeldes pró-Rússia antes do ataque.

O juiz da cidade russa de Donetsk afirmou que o veredito deve ser anunciado nos dias 21 e 22 de março, mas a piloto ucraniana disse que não viverá até lá – apesar de já ter feito greve de fome antes, desta vez ela se recusa também a beber água.

“Não existem investigações ou tribunais criminais legítimos na Rússia”, disse Nadiya no tribunal. “Há apenas uma farsa de marionetes do Kremlin”. Ela cantou o hino nacional da Ucrânia e encerrou sua declaração apontando o dedo médio para o juiz.

O caso mobilizou a comunidade internacional, que pede a libertação de Nadiya e considera ridícula a alegação das autoridades russas de que ela foi capturada em território russo, disfarçada de refugiada, em julho de 2014. Kiev garante que ela foi sequestrada e torturada antes do ataque.

Em seu país natal, Nadiya é considerada uma heroína – a piloto foi eleita para o Parlamento da Ucrânia no final de 2014, mesmo estando presa na Rússia à espera de julgamento.

(Da redação)