Uma pesquisa feita pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos revelou que a vacina oferece proteção completa contra o vírus
Um teste feito pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês) revelou que a vacina contra a dengue desenvolvida em parceria com o Instituto Butantã oferece proteção completa contra o vírus. Os resultados do estudo foram publicados quarta-feira na revista Science Translational Medicine.
O estudo, feito por pesquisadores do NIH e da Universidade Johns Hopkins, também nos Estados Unidos, baseia-se em um modelo conhecido como “desafio em humanos”, no qual os voluntários são imunizados e depois recebem uma forma amenizada do vírus para avaliar a eficácia da vacina.
Participaram do teste clínico 41 voluntários que nunca tiveram dengue. Destes, 21 receberam a vacina e 20 o placebo. Seis meses depois, todos eles foram infectados com uma variante atenuada do sorotipo 2 do vírus – aquele cuja prevenção por vacinas é considerada a mais difícil entre os quatro sorotipo
A autora principal do estudo, Anna Durbin, da Universidade Johns Hopkins, afirma que o vírus amenizado, produzido pelos americanos, é capaz de infectar uma alta porcentagem dos voluntários sem causar sintomas mais graves da doença. Em geral, os pacientes apresentam apenas manchas na pele, mas não chegam a ter febre.
Os resultados mostraram que os voluntários que receberam o placebo tiveram sintomas moderados da doença. Entre os que receberam a vacina, 100% ficaram completamente protegidos da infecção e não apresentaram qualquer sintoma.
Segundo o diretor do Butantã, Jorge Kalil, o teste é bem-vindo e corrobora os resultados obtidos na fase 2 dos testes clínicos, feita pelo instituto. “É um estudo interessante e importante porque dificilmente as autoridades sanitárias brasileiras permitiriam que fizéssemos um desafio do tipo, usando o vírus vivo”, disse.
Agora os autores esperam desenvolver o modelo de desafio em humanos para outros vírus, incluindo o zika. “Acreditamos que um teste-desafio em humanos pode ser desenvolvido para zika. Ele seria uma ferramenta para acelerar o desenvolvimento de uma vacina contra essa doença.”, afirmou Anna.
De acordo com Stephen Whitehead, do Instituto de Alergias e Doenças Infecciosas do NIH e um dos autores do artigo, os dados obtidos no estudo já haviam sido considerados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quando o órgão aprovou a realização da terceira fase dos testes clínicos, que começou em fevereiro. Os testes incluem a imunização de 17 mil voluntários humanos, que serão acompanhados ao longo de alguns anos.
Registros de dengue – Cerca de 58 mil casos de dengue no Estado de São Paulo estão fora das estatísticas oficiais. Um levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo encontrou a divergência após comparar o número de casos autóctones da doença registrados pelos municípios com os dados publicados no site do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), da Secretaria Estadual da Saúde.
A maior diferença foi encontrada na cidade de São Paulo, que confirmou 100.431 casos em 2015, dos quais apenas 45.359 estão registrados pela pasta estadual. Neste ano, a capital registrou 1.983 casos, mas o CVE aponta apenas 67.
De acordo com a Secretaria Estadial de Saúde e as prefeituras dos munícipios, as falhas no sistema federal de notificação da doença e a demora na atualização dos registros no sistema estadual seriam os culpados.
Para Eduardo Massad, Epidemiologista da área de doenças transmissíveis e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), a diferença pode interferir no planejamento de ações e políticas públicas.
(Com Estadão Conteúdo)