A sonda OSIRIS-REx, da Nasa, será lançada na quinta-feira em direção a Bennu, asteroide com uma chance em 2.500 de colidir com nosso planeta no século XXII
A estação de Cabo Canaveral, nos Estados Unidos, está pronta para lançar a primeira missão da Nasa capaz de colher amostras de um asteroide. Nesta quinta-feira, um foguete Atlas V será lançado com a sonda OSIRIS-REx, que tem como alvo Bennu, uma imensa rocha de 492 metros de diâmetro com alguma chance colidir com a Terra no século XXII – a probabilidade é uma em 2.500, bem pequena, é verdade, mas longe de ser desprezível para os astrônomos.
Bennu, o asteroide que leva o nome de uma ave da mitologia egípcia, é um pedregulho que, de seis em seis anos, chega muito próximo de nosso planeta (próximo em termos cósmicos, claro, pois são cerca de 300.000 quilômetros de distância). Ele é considerado um objeto próximo à Terra (Near Earth Object, NEO, na sigla em inglês) e essa é uma das razões por que a Nasa decidiu enviar uma missão até ele.
A sonda, que está programada para chegar ao asteroide em 2018, colher amostras em 2020, e retornar à Terra em 2023, deve dar algumas pistas aos astrônomos de como impedir uma colisão que poderia dar fim a grandes áreas da Terra. Se for preciso criar uma estratégia de defesa, é necessário conhecer detalhes do asteroide, e as informações da sonda serão fundamentais.
Origens do sistema solar
Além disso, as amostras que serão colhidas por um sofisticado braço robótico, que vai tocar a superfície e lançar uma explosão de nitrogênio para colher entre 60 gramas e dois quilos das rochas de Bennu, têm um elevado propósito científico: ajudar a descobrir como se deu as origens do sistema solar e, em última instância, da Terra. Bennu, nascido de uma violenta colisão entre asteroides, vivenciou o surgimento dos planetas do sistema solar, há 4,6 bilhões de anos. Acredita-se que asteroides primitivos como esse não sofreram mudanças significativas desde sua formação. Por isso, essa “testemunha” pode trazer indícios importantes sobre os precursores moleculares que deram origem à vida e aos oceanos da Terra.
“As experiências vividas por Bennu vão nos contar mais sobre as origens do nosso sistema solar e como ele evoluiu. Como detetives, vamos examinar as evidências trazidas para compreender melhor nossas origens”, afirmou Edward Bershore, da Universidade do Arizona, um dos principais pesquisadores da missão, em comunicado da Nasa.
Mineração espacial
A missão OSIRIS-REx, sigla para Origins, Spectral Interpretarion, Resource Identification, Security, Regolith Explorer (Origens, Interpretação Espectral, Identificação de Recursos, Segurança, Exploração de Regolitos, em português), vai ainda colher informações para uma atividade que, no futuro, deve se tornar realidade: a mineração espacial.
Asteroides como Bennu são ricos em carbono e contêm moléculas orgânicas e aminoácidos, substâncias conhecidas pelos cientistas como “blocos formadores de vida”. Mas, junto a essas substâncias, os asteroides também podem conter os metais e minérios que existem em nosso planeta, como platina, enxofre, nitrogênio e fósforo, além de, provavelmente, água.
Com isso, os astrônomos buscam descobrir se os asteroides poderão ser fontes futuras para a sobrevivência na Terra. “Explorações espaciais futuras e desenvolvimento econômico podem depender dos asteroides para a obtenção de recursos naturais como água, material orgânico e metais”, afirma a Nasa em comunicado.
É a segunda vez que uma missão traz do espaço amostras de asteroides. A primeira a fazer o retorno foi a sonda japonesa Hayabusa, que chegou até o asteroide Itokawa em 2005 e voltou à Terra em 2010. A missão Hayabusa 2, lançada em 2014, pretende trazer novas amostras de outro asteroide em 2020.