Eles irão participar de palestras, encontros com leitores, seminários e sessões de autógrafos que celebram o pensamento e a reflexão
III Bienal Brasil do Livro e da Leitura tem início amanhã com uma programação variada que abrange de temas literários a reflexões sobre o mundo contemporâneo. Com 170 estandes de livrarias e distribuidores, uma lista de mais de 200 convidados e lançamento de 16 autores da cidade, a festa do livro vai ocupar uma área do Estádio Mané Garrincha durante os próximos 10 dias. Debates, seminários, sessões de autógrafos, encontros com autores, contação de histórias para crianças, peça de teatro e shows integram a programação. “Há uma coordenação e uma curadoria que reflete sobre o que se considera importante para colocar em debate na Bienal. A ideia é estabelecer uma conexão com o público, com o que permeia as inquietações da sociedade”, avisa Nilson Rodrigues, diretor do evento.
Para celebrar dois aspectos fundamentais do pensamento e da escrita, a Bienal homenageia a poetisa Adélia Prado e o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos. Amanhã, às 20h, Adélia sobe ao palco para uma palestra e para receber a justa reverência. “Homenagear um autor significa apenas que ele é tributário de sua obra, sempre melhor que ele. Por isso fico tranquila”, avisa a poetisa. Depois, é a vez de Arnaldo Antunes celebrar as palavras e a escrita no show de abertura do evento. Poeta e letrista, o compositor é também autor de importante obra de poesia visual, espécie de herdeiro da poesia concreta brasileira.
Na próxima semana, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, homenageado internacional da Bienal, faz palestra sobre os deslocamentos de populações pelo mundo e os desafios da democracia. Em Brasília, ele também lança e autografa A difícil democracia — Reinventar a esquerda (Boitempo Editorial) e As bifurcações da ordem: revolução, cidade, campo e indignação, terceiro volume da Coleção Sociologia Crítica do Direito, editada pela Cortez. Para o sociólogo, as esquerdas são a única força política capaz de salvar as democracias. Estas, por sua vez, correm perigo diante das crises econômicas e políticas contemporâneas. “A democracia representativa liberal está, de fato, em perigo porque, para ser compatível com as exigências do capital financeiro nacional e internacional, tem de se afastar cada vez mais das maiorias que lhe dão legitimidade e o afastamento está a assumir dimensões fatais”, acredita Boaventura.
Convidados
Incluídos na programação para tratar de temas atuais, quatro seminários vão reunir convidados de várias áreas do pensamento para refletir sobre o mundo contemporâneo. Em Vida urbana — Novos espaços, novos caminhos, participantes como o arquiteto holandês Johan Van Lengen e os escritores brasileiros Marcelino Freire e Conceição Evaristo falam sobre degradação de meio ambiente, sociedade do descarte, solidão e indiferença nos grandes centros urbanos. Os relacionamentos em século de redes sociais e internet pautam Elisa Lucinda, Viviane Mosé e a cubana Teresa Cárdenas em Amor, afetividade e individualidade nos tempos modernos. O trânsito de milhares de pessoas pelo mundo, muitas vezes em fuga de situações políticas, econômicas e sociais catastróficas, é tema de Deslocamentos: geopolítica, cultura, etnia, ecologia e religião. O escritor Bernardo Kucinski, autor de K – Relato de uma busca, e o líder indígena Ailton Krenak são alguns dos convidados desse seminário. Já Glenn Greenwald, o jornalista norte-americano que revelou o esquema de espionagem vazado por Edward Snowden em 2013, e o sociólogo francês Dominique Cardon dividem a programação no seminário Novas tecnologias e os efeitos na cultura, economia e vida cotidiana.
Encontros e histórias
A literatura ganhou espaço no Café literário, reservado para os lançamentos de livros, encontros com o autor e sessões de autógrafos. Será possível ouvir escritores como a freira Maria Valéria Rezende, ganhadora do Jabuti em 2015 com o romance Quarenta dias, Márcia Tiburi, que lançará Como conversar com um fascista, e Antonio Prata, autor de Nu, de botas e Trinta e poucos.
Um time grande autores locais também foi selecionado para participar de lançamentos e encontros com leitores. Uma comissão de curadores formada por José Rezende Jr. Nicolas Behr, Hamilton Pereira e Conceição Freitas selecionou 16 escritores locais para os lançamentos. No total, a Bienal recebeu 82 inscrições. “É uma diversidade espantosa. Tem livro de viagem, infanto-juvenil, poesia, romance, contos. A gente tentou fazer uma coisa caleidoscópica, todos os gêneros foram representados”, avisa Behr, que constatou ser a poesia o gênero mais publicado e menos lido em Brasília. “É o gênero que mais apareceu”, garante.
Entre os autores locais, há nomes como Renato Fino, com Zelumen; Mariana Carparezzi, com O mundo sem anéis — 100 dias em bicicleta; Paulliny Gualberto Tort, com Allegro ma non troppo; e Renato Alves, repórter do Correio Braziliense e autor de O povo da lua.
Com entrada franca, assim como nas edições anteriores, a Bienal foi realizada com verba de R$ 3,24 milhões, sendo R$ 1,768 de emendas parlamentares e o restante arrecadado graças à venda de estandes e apoio do Sesi, Ambev e colégio Leonardo da Vinci, além de R$ 96 mil de edital do Ministério da Cultura
III Bienal Brasil do Livro e da Leitura
De amanhã a 30 de outubro, diariamente, das 10h às 22h, no Estádio Mané Garrincha. Entrada franca