Astrônomos trazem novas evidências para a existência de um novo e gigantesco integrante no sistema solar
O “Planeta Nove” pode ser a razão por trás da misteriosa inclinação de seis graus do sistema solar, de acordo com astrônomos. Nesta semana, durante o encontro anual de cientistas planetários da American Astronomical Society (AAS, na sigla em inglês), pesquisadores americanos revelaram novas evidências para a existência de um nono planeta, que estaria orbitando o Sol além de Netuno.
A presença de um corpo celeste com massa de cerca de dez vezes a da Terra, vinte vezes mais longe do Sol que Netuno, foi proposta em janeiro pelos astrônomos Konstantin Batygin e Mike Brown (conhecido como o cientista que “matou” Plutão), do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech, na sigla em inglês), nos Estados Unidos. De acordo com os pesquisadores, o movimento de alguns corpos celestes do Cinturão de Kuiper, uma região nos confins do sistema solar, só poderia ser explicado pela presença de um grande e longínquo astro. Ele só não teria sido encontrado, de acordo com os cientistas, por estar localizado entre 32 bilhões e 160 bilhões de quilômetros de distância da Terra.
No novo estudo, publicado no periódico científico Astrophysical Journal, Brown apresentou uma análise em que o “Planeta Nove” seria a explicação para a inclinação de seis graus do sistema solar – que, até o momento, é considerada misteriosa para os cientistas. Em linhas gerais, os oito planetas orbitam o Sol como se estivessem em um mesmo plano. Esse plano, contudo, é inclinado em relação ao Sol. Se pudéssemos ver de fora, a impressão seria de que o Sol (e não o plano) estivesse inclinado.
“Esse é um mistério tão antigo e tão difícil de explicar que simplesmente não falamos sobre ele”, explicou Brown, em comunicado da Caltech.
Ao colocar o hipotético novo planeta como razão desse fenômeno, o astrônomo e sua equipe descobriram que, se ele for gigante como dizem as estimativas e tiver uma órbita inclinada cerca de trinta graus em relação ao plano do sistema solar, ele pode ser a explicação que faltava para a inclinação.
“Como o ‘Planeta Nove’ é tão massivo e tem uma órbita inclinada em comparação aos outros planetas, o sistema solar não tem outra opção a não ser ‘torcer’, lentamente, seu alinhamento”, afirmou Elizabeth Bailey, uma das autoras da pesquisa, publicada no periódico científico Astrophysical Journal.
Novas pistas
Outro time de cientistas, liderado pelo astrônomo Renu Malhotra, da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, também sugeriu que o “Planeta Nove” pode ser o motivo para órbitas estranhas de quatro corpos celestes do Cinturão de Kuiper. Segundo eles, esses objetos não seriam afetados por nenhum dos planetas do sistema solar (como acontece com a órbita de Plutão, um planeta anão que recebe a influência de Netuno, o mais próximo a ele), mas de um “nunca visto” corpo celeste massivo – um nono planeta, portanto. As estimativas de Malhorta sobre a massa e a localização desse corpo celeste batem com os cálculos prévios de Brown e Batygin.
“Nosso estudo traz estimativas mais precisas para a massa e órbita que esse planeta teria e, mais importante, restringe sua posição em sua órbita”, explicou o Malhorta, em comunicado.
Segundo os cientistas, o “Planeta Nove”, apesar de ainda não comprovado, seria a explicação mais plausível dada pela ciência para alguns comportamentos aparentemente inexplicáveis do sistema solar.
“Ele continua a nos impressionar. Cada vez que olhamos com cuidado percebemos que o ‘Planeta Nove’ revela algo sobre o sistema solar que, por muito tempo, nos pareceu misterioso”, afirmou Konstantin Batygin, do Caltech.