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terça-feira, 24/12/24
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Adolescentes serviam como ‘ingresso’ em festa de pedofilia, diz MP

Segundo MP, participantes tinham que levar pelo menos 3 menores. Investigação descobriu rede de pedofilia na região de Araçatuba (SP).

A denúncia do Ministério Público de Birigui (SP) sobre uma rede de pedofilia que envolve moradores de várias cidades da região de Araçatuba (SP) mostra que vários suspeitos chegaram a promover festas em casas e chácaras da região para atrair os menores. O inquérito aponta que numa dessas festas cada convidado tinha que levar pelo menos três adolescentes, como exigência para participar do encontro.

Um menino, que hoje tem 13 anos, foi assediado quando tinha 10 anos e conta que tudo era feito em troca de presentes. “Ele dava dinheiro, boné, óculos, já me deu um celular, me levava para o motel de Buritama”, afirma o menor.

A mãe dele diz que o homem se aproximou da família e fez amizade com os amigos do filho. “Aí ele começou a ir em casa, pegou amizade, parecia uma pessoa boa. Muito bonzinho mesmo, mas jamais eu achava que ele tinha coragem de fazer uma coisa dessa”, diz a mãe.

Ela diz que só descobriu o abuso depois do alerta de uma amiga. A mulher, que também prefere não se identificar, conta que desconfiou do comportamento do suspeito,  que começou a dar presentes caros para o adolescente. “Eu peguei, conversei com a criança e a criança abriu todo o jogo, que estava sendo assediado, que o cara que tinha dado o celular, que tinha dado o boné, o pedófilo passava lá e levava ele para outros lugares, para poder assediar”, diz.

Por meio de escutas telefônicas,foram identificados e presos cinco suspeitos (Foto: Reprodução / TV TEM)

Ela contou tudo para a família e procurou a promotoria. As investigações duraram mais de um ano e apontaram a existência de uma rede de pedofilia. O Ministério Público encontrou várias vítimas com idades entre 10 e 17 anos.

Os acusados usavam as redes sociais para se aproximar dos menores. A Justiça teve acesso a uma conversa entre dois dos suspeitos. Por telefone eles falavam sobre os adolescentes  e trocavam informações de novas possíveis vítimas. Segundo o MP, na conversa estão um aposentado, de 69 anos, e um homem, de 30 anos, suspeitos de participar da rede.

Aposentado: Localizou no face (facebook)?
Homem: Ainda não, eu estou entrando agora para ver.
Aposentado: Ah tá. Muito bom, né?
Homem: Você tem ele?
Aposentado: Não, eu pedi para adicionar, não retornou. Muito bom, né?
Homem: Ótimo, né? A foto é de enlouquecer, né?

Em outra gravação, o aposentado conversa com um investigado, que não foi preso. Eles combinam festas com a presença de menores.

Suspeito: Vou por gasolina para ir buscar os meninos. Marquei com o…, liguei pra ele.
Aposentado: Hã.
Suspeito: Aí falei pra ele escolher uns bem bonitinhos.
Aposentado: Essa chácara onde é?
Suspeito: É ali perto do Colinas ali, aquela..
Aposentado: Eu sei, eu sei.
Suspeito: É por ali, Aí eu te explico depois

De acordo com a ação, os suspeitos chegaram a gravar um encontro com um dos meninos. Um menor, que também foi vítima dos pedófilos, disse que o suspeito trabalhava com o avô dele num sítio e foi lá que os abusos começaram. “Ele falava assim: seu vô quer que eu vou levar você pra ajudar salgar o coxo. Peguei e fui, aí no meio do caminho ele correu atrás de mim aí ele começou a tirar minha roupa e abusar de mim”, diz o menor.

Os abusos continuaram por cerca de um ano até que a mãe do menor começou a notar um comportamento mais agressivo no filho. “Eu percebi que ele não foi para escola, fui atrás e peguei ele, mas acho que na hora que ele ia cometer o ato ele me viu”, diz.

Até agora cinco pessoas foram presas acusadas de pedofilia, estupro e corrupção de menores. Outras três respondem ao processo em liberdade apontadas como integrantes da organização. Segundo o Ministério Público um dos homens que está preso confessou em depoimento que pagava para fazer sexo com os adolescentes.

Além de pedofilia, estupro e corrupção de menores, os acusados também respondem por associação criminosa e aliciamento de menores. As penas, para cada crime, vão de um a 15 anos de prisão.

O promotor que fez a denúncia não quis dar entrevista porque o caso corre em segredo de Justiça. O processo, que já foi aceito pelo juiz, ainda não tem data para ser julgado. A TV TEM procurou os advogados dos dois acusados que aparecem na gravação e estão presos. Eles negam as acusações do MP. Quem confessou os crimes para a polícia foi o aposentado e a defesa dele negou as acusações do MP e disse que vai entrar com pedido de revogação da prisão e habeas corpus para que o cliente seja solto. O advogado do outro suspeito disse que ainda estuda a forma como vai pedir a soltura do cliente e também negou as acusações.

Inquérito do MP de Birigui diz que suspeitos pediam para levar menores (Foto: Reprodução/ TV TEM)
 

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