Categoria pede reajuste de 37%; movimento começou em 4 de julho. Registro de flagrantes e de crimes graves fica limitado com protesto.
Policiais civis do Distrito Federal iniciaram às 8h desta quinta-feira (3) uma paralisação de 48 horas em meio ao movimento iniciado em 4 de julho por aumento salarial de 37%. Como forma de protesto, os servidores impediram acesso de colegas que chegavam de carro à sede da corporação – só podiam entrar a pé. Como a maior parte das delegacias está fechada, fica limitado o registro de flagrantes e de crimes graves (estupro, homicídio, sequestro relâmpago e latrocínio).
É a quarta mobilização do tipo desde o início da “operação padrão”. As outras paralisações ocorreram em agosto e outubro. Pelas regras do sindicato dos policiais, entre os terceirizados, apenas os da limpeza estão autorizados a entrar no complexo da corporação. Nenhum carro da polícia também está autorizado a deixar a sede, a não ser para atender os casos graves.
Os servidores do IML ficam instruídos a recolher corpos de pessoas que morreram naturalmente. O “bonde” de detentos da carceragem só sai em caso de “necessidade”, passando por avaliação do comando de greve. Nesses dois dias de paralisação, oitivias, retratos falados e perícias agendadas ficam remarcadas. A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) só deve atender em caso de ameaças à vítima.
Com a operação padrão, na prática, registros de ocorrências são feitos normalmente, mas as investigações e análises ficam prejudicadas com o procedimento. Por falta de profissionais, a direção da polícia determinou o fechamento de pelo menos 21 delegacias.
Entre outras demanda, os policiais pedem o mesmo percentual que o governo federal prometeu a policiais federais. O GDF afirma que só tem condições de pagar o reajuste de forma parcelada, em cinco anos. A proposta não foi aceita pelos servidores da corporação.
Atendimento 24 h
Em outubro, o Ministério Público pediu que a direção da polícia coloque todas as delegacias da capital para funcionar 24 horas por dia. A corporação determinou atendimento integral em 11 das 31 delegacias. No entanto, os servidores decidiram em assembleia que não iriam cumprir a determinação.
Até dia 14 de setembro, todas as delegacias funcionavam em regime “24 horas” durante a semana. Com o impasse na negociação salarial com o GDF, os policiais civis passaram a trabalhar em horário similar ao dos fins de semana, com “centrais de flagrante”.
Isso significa que, antes apenas 7 das 31 delegacias funcionaram sem interrupção – as outras abriam às 12h e fecham às 19h. A ordem de serviço expedida pelo diretor-geral, Eric Seba, prevê que 11 delegacias voltassem ao regime 24 horas, e as outras funcionassem de 9h às 19h (três horas a mais).
O sindicato diz que a própria direção da Polícia Civil reconhece a falta de efetivo e que, sem equipe completa, os policiais trabalham sob risco. “Grande parte das delegacias ainda estava funcionando com apenas dois agentes, sem delegado ou escrivão. Um policial fazia a função de dois ou três cargos, o que pode ser um perigo para os policiais e para os cidadãos”, diz a entidade.
Remanejamentos
Pela determinação da Polícia Civil, a delegacia da Asa Sul também vai atender flagrantes do Guará, Lago Sul e Núcleo Bandeirante. A de Taguatinga Sul vai abranger Taguatinga Centro, Norte e Vicente Pires.
A delegacia de do setor P Sul, em Ceilândia, passa a atender também os flagrantes de Ceilândia Centro. No Setor O, em Ceilândia, os policiais também atendem flagrantes ocorridos em Ceilândia Norte e Brazlândia.
A 5ª DP, na área central, fica com casos da Asa Norte e do Cruzeiro. A delegacia do Paranoá, com São Sebastião e Lago Norte. Sobradinho I atende também casos que acontecem em Sobradinho II. A delegacia do Setor Tradicional de Planaltina vai atender demandas da Vila Buritis 4.
A delegacia do Setor Oeste do Gama vai também abranger a do Setor Central e de Santa Maria. A delegacia do Recanto das Emas fica com os flagrantes do Riacho Fundo. A de Samambaia Norte vai atender demandas de Samambaia Sul.