Desde que registrou a primeira morte por febre amarela no Estado de São Paulo, em janeiro deste ano, a cidade de Américo Brasiliense, com 38,2 mil habitantes, está em guerra contra o vírus. Dois meses após o óbito, o Departamento de Saúde registra 3,5 mil domicílios visitados e 2,4 mil pessoas vacinadas apenas na área urbana. Na zona rural, onde aconteceu a contaminação, equipes foram de casa em casa e aplicaram 130 vacinas.
Desde janeiro, a prefeitura retirou 150 caminhões com possíveis criadouros de mosquitos transmissores da doença, entre eles o Aedes aegypti, responsáveis também pela contaminação de dengue, zika e chikungunya. Cartazes de alerta foram espalhados pelo município. Grande parte desse trabalho é feita por voluntários, segundo a diretora de Saúde do município, Eliana Marsili. “Mais de 150 pessoas se apresentaram para nos ajudar”, conta.
No retorno das aulas, a campanha contra a doença entrou nas escolas. Os alunos foram desafiados a fazer trabalhos sobre a febre amarela e a levar o conteúdo para os pais. “Está sendo uma operação de guerra. Tivemos até ajuda da Força Nacional. O resultado é que não tivemos nenhum outro caso”, disse.
Cachoeira
A única vítima da febre amarela, Luíza Pires de Oliveira, de 68 anos, moradora do bairro urbano Santa Terezinha, morreu em 3 de janeiro, depois de apresentar os sintomas da doença. No dia do Natal, após o almoço, ela foi até a Cachoeira do Pirapora, na zona rural da vizinha Santa Lúcia. O mal-estar começou no dia seguinte.
Com dor de cabeça, febre e vômito, ela foi levada a um hospital e submetida a exames de sangue e urina. Na sequência, foi diagnosticada com suspeita de dengue. Como não melhorava, foi transferida para um hospital em Araraquara. “Ela foi direto para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e não saiu com vida”, diz a filha Regina Garcia. Só então Luíza, viúva, mãe de 11 filhos, foi diagnosticada com febre amarela.