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domingo, 22/09/24
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Os looks das famosas no Festival de Cinema de Veneza

A Scala promoveu evento com as irmãs Okereke e a modelo Aisha Bikila para falar sobre questões raciais e sobre a campanha Meu Tom, Minha Beleza.

As gêmeas Tasha e Tracie Okereke, a modelo transexual Alina Dorzbache, a DJ Ammie Graves, a estilista Camila Guimarães, a modelo e artista plástica Luiza de Alexandre e a modelo e estudante de teatro Aisha Bikila estão juntas debatendo o significado da palavra nude na campanha “Meu Tom, Minha Beleza”, da Scala, que foi lançada neste SPFW. As irmãs Okereke e Aisha compareceram na semana de moda de São Paulo para tocar, dançar e representar e aproveitaram para conversar com ELLE sobre moda, beleza e racismo.

Não é a primeira vez que uma marca questiona esse conceito. Diversas iniciativas em roupas, sapatos e, inclusive, maquiagem andam ampliando sua variedade de tons. Afinal, o nude deveria representar a tonalidade de nossas peles, mas, na prática, isso raramente acontece. Este movimento ainda é recente no Brasil e tem gerado ações muito interessantes, como a promovida pela etiqueta.

Tracie e Tasha (Ludmila Bernardi//Marca de lingerie questiona o conceito de nude no SPFW/ELLE)

Aisha acredita que esse processo de ampliação é mais tardio no Brasil devido ao racismo e à desigualdade presentes. “Não tem outra explicação a não ser o racismo existente aqui, que é cultural, estrutural e enfincado no país,” comenta a modelo. Tracie também enxerga o problema como resultado da minimização da luta. “Quem sofre o preconceito acaba sendo romantizado pelo outro. Usam miscigenação como desculpa. Dizem que a miscigenação é linda, mas não conhecem a nossa história,” desabafa. Tasha comemorou a atitude da marca: “É muito bom poder chegar no mainstream e poder representar, sendo quem eu sou, uma menina preta da favela”.

A moda engatinha, mas graças a vozes como a de Tracie, Tasha e Aisha, é possível dar passos mais largos em direção à coerência e à representatividade.

Aisha Bikila (Ludmila Bernardi/ELLE)

Seus relatos evidenciam a profundidade da questão. Ambas contam que, na escola, os colegas costumavam pintar desenhos e chamar o lápis ou o giz de cera salmão de “cor de pele”. É uma situação nociva e infelizmente frequente. Segundo Aisha, “desde pequenos escutamos essa coisa do lápis “cor de pele”, e ele sempre foi rosa bebê. O que é cor da pele? Este é meu manto, então é importante para mim saber diferenciar pigmentocracia e colorismo.”

A modelo completa: “Quanto mais negro você é, mais racismo você sofre. Estamos aqui para mudar as estatísticas, desde a tabela de cores aos espaços que estamos ocupando. Lutamos para arrasar e mostrar qual é a cara real do Brasil”.

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