Atriz interpreta mulheres que passaram por sistema carcerário em monólogo no DF
Peça ‘Liberdade assistida’ conta histórias reais de mulheres negras que passaram por presídios no país. Sessões vão até domingo e meia-entrada custa R$ 10.
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Monólogo teatral ‘Liberdade assistida’ encenado por Marta Carvalho em Brasília (Foto: Thiago Sabino/Divulgação)
A situação de vulnerabilidade de mulheres encarceradas no Brasil pode ser espelho da situação das periferias, do outro lado das grades, diz a atriz Marta Carvalho. Ela é protagonista do monólogo teatral “Liberdade assistida”, que aborda a vivência feminina dentro das prisões. A peça lotou o Espaço Cena, em Brasília, na estreia na última quarta-feira (25), e segue em cartaz até domingo (29).
Baseado em depoimentos, cartas e entrevistas com presidiárias ou mulheres que passaram pelo cárcere em diferentes cidades do país, a peça contém traços da vida real e busca provocar na platéia sentimento de empatia com essas mulheres.
“Promover reflexão sobre essa realidade que a gente vê muito como algo do outro, mas nós fazemos parte, somos cúmplices. Está nas nossas mãos a responsabilidade da mudança”, diz o diretor, Edson Beserra, sobre o sistema carcerário feminino.
O espetáculo é representado no Espaço Cena, na 205 Norte. A meia-entrada custa R$ 10 e a peça tem 45 minutos de duração (veja detalhes abaixo).
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Atriz Marta Carvalho encena monólogo teatral ‘Liberdade assistida’ em Brasília (Foto: Thiago Sabino/Divulgação)
Pesquisas acadêmicas, livros e poesias ajudaram a roteirista Ana Flávia Magalhães, que também é historiadora e negra, a alcançar um texto que retratasse a realidade comum vivida por essas mulheres, com o máximo de fidelidade.
O monólogo se desenvolve em diferentes “espaços físico-emocionais” que mostram cinco mulheres sob as perspectivas de corpo, afeto, violência, machismo e resistência. Segundo a protagonista, cada história reúne relatos de mais de uma mulher, colhidos desde 2010 por ela e pela roteirista.
“A gente precisa divulgar como esse sistema é opressor, que é feito para dizimar mesmo a população negra”, disse Marta. “Por exemplo, é permitido policiais homens dentro de um presídio feminino, ou seja, o corpo da mulher pode ser invadido de qualquer forma a qualquer tempo.”
“Por ser negra, eu empresto meu corpo, meu pensamento e minhas palavras para representá-las.”
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Monólogo teatral ‘Liberdade assistida’ encenado por Marta Carvalho em Brasília (Foto: Thiago Sabino/Divulgação)
No palco, Marta é a simbiose da expressão verbal e corporal. Algumas cenas sequer têm falas – apenas corpo em movimento, expressão facial e música. Às vezes, o silêncio é quem entra em cena. “O silêncio é para que a informação ecoe e a reflexão aconteça”, explicou o diretor.
“Eu tentei traçar um paralelo entre as personagens e a Marta. Ela como mulher negra conhece bem este lugar na sociedade. Então são como cinco ‘Martas’ no palco”, disse. “É impossível não se identificar, não sentir o que elas sentem. Está tudo compactado em uma pessoa, cinco facetas de uma mesma mulher.”
Segundo a atriz, a experiência de Edson com dança – ele foi bailarino do Grupo Corpo e da companhia de Débora Colker – trouxe leveza, afeto e sensibilidade às histórias dessas mulheres, cuja trajetória é marcada por preconceito, sofrimento e exclusão.
A peça é uma realização da Fundação Palmares e do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Osvaldo dos Santos Neves. Com dramaturgia de Ana Flávia Magalhães e trilha sonora de Higo Melo, “Liberdade assistida” foi uma das vencedoras do 4º Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras na categoria Artes Cênicas, em julho de 2017.
Marta Carvalho
Com mais de 20 anos de experiência em áreas de multilinguagens culturais, Marta Carvalho tem em sua história a coordenação e gestão de projetos de grande expressão nas áreas de cinema, música, teatro, dança e formação de jovens.
Idealizadora e Curadora do Festival Satélite 061, que chega à sexta edição em 2017, Marta tem larga experiência na gestão de festivais nacionais e internacionais de cinema e música sediados em Brasília. Esta é a primeira vez que Marta sustenta um monólogo no palco.
Serviço
Liberdade assistida
Data: até 29 de outubro
Hora: 21h (quarta a sábado) e 20h (domingo)
Local: Espaço Cena – 205 Norte, Bl. C
Ingresso: R$ 10 (meia-entrada)
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