Ex-presidente é réu na Operação Zelotes por suposto tráfico de influência na compra, pelo governo Dilma, de caças suecos. Lula nega acusações do Ministério Público.
O desembargador Néviton Guedes, do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1), atendeu a um pedido da defesa e suspendeu nesta quinta-feira (15) o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva previsto para o próximo dia 20 em Brasília.
A defesa de Lula quer que todas as cerca de 80 testemunhas arroladas no processo sejam ouvidas antes de o ex-presidente prestar depoimento.
O juiz da 10ª Vara da Justiça Federal, Vallisney de Souza, determinou o cumprimento da suspensão. Não há nova data marcada para o interrogatório.
Lula seria ouvido pela 10ª Vara no processo em que é réu por suposto tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa na compra de caças suecos pelo governo Dilma Rousseff. As suspeitas são investigadas no âmbito da Operação Zelotes.
Também são réus neste processo, e seriam ouvidos no mesmo dia, Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente, Mauro Marcondes e Cristina Mautoni.
Entenda o caso
A denúncia do Ministério Público Federal que deu origem à ação penal aberta pela Justiça é resultado de investigações sobre a compra pelo governo federal de 36 caças suecos e sobre a aprovação, no Congresso, de uma medida provisória que envolveu incentivos fiscais a montadoras.
De acordo com o MPF, os crimes teriam sido praticados entre 2013 e 2015, quando Lula, como ex-presidente, teria participado de um esquema para beneficiar empresas junto ao governo Dilma.
Desde o início das investigações, a defesa de Lula nega as acusações. Diz que o ex-presidente “não teve qualquer atuação, sozinho ou com outros denunciados, no processo de escolha e compra desses caças pelo Brasil”.
Em depoimentos prestados à Justiça de Brasília, o atual comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Nivaldo Luiz Rossatto, e o ex-comandante Juniti Saito também negaram a suposta influência por parte do ex-presidente.
Condenação na Lava Jato
Este processo sobre os caças suecos que tramita na Justiça de Brasília não tem relação com o caso do triplex em Guarujá (SP), em que Lula foi condenado em janeiro pelo Tribunal Região Federal da Quarta Região (TRF-4), responsável pelos processos da Operação Lava Jato em segunda instância.
No entendimento dos desembargadores do TRF-4, Lula recebeu o triplex da OAS em retribuição a contratos firmados pela construtora com a Petrobras.
A defesa do ex-presidente diz que ele não é o dono do apartamento e afirma que não há provas contra o petista.