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sábado, 23/11/24
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Como reforçar as bactérias que aumentam a imunidade e ajudam a emagrecer

Conheça esse exército admirável e o que a ciência tem a dizer sobre prebiótico, probiótico e posbiótico

Para quem acha que bactéria é sempre coisa ruim, saiba que seu corpo, assim como o de todo mundo, abriga dez vezes mais bactérias do que células. E o impacto desse batalhão na saúde pode ser positivo, sim. Tanto que as estrelas deste ano na maior feira mundial de alimentação saudável e orgânica, realizada em Anaheim, na Califórnia (EUA), foram os iogurtes, bebidas e smoothies enriquecidos com micro-organismos do bem. Até a rede de cafeteria Starbucks não perdeu tempo: já apresentou lá fora uma versão de seu suco verde, Evolution Fresh, enriquecido com prebióticos (fibras solúveis) e probióticos (bactérias aliadas).

Não bastasse a lista de nomes esquisitos nesse universo, existe mais um: posbióticos – você leu certo! São substâncias fabricadas pelas bactérias aliadas, que, assim como os pre e os probióticos, ajudam a manter a microbiota saudável, com um número maior de micro-organismos amigos e menor de inimigos – equilíbrio ideal para que o intestino cumpra bem suas funções, como absorver os nutrientes dos alimentos e dispensar o que não é necessário.

“O intestino tem a capacidade de distinguir as substâncias inofensivas das perigosas, um mecanismo de proteção que evita que o organismo adoeça”, diz a médica nutróloga Isolda Prado, da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). E, como faz o trabalho de seleção sozinho, sem acionar o sistema nervoso central, é considerado um órgão inteligente.

Mais um motivo para o intestino ganhar o status de segundo cérebro: produz parte da serotonina, o neurotransmissor do bem-estar, além de ser responsável por 80% da nossa imunidade. Mas, claro, o ambiente deve estar propício. Daí a importância de você reforçar o trio pre, pro e posbiótico. Vem conhecer melhor essa turma.

Prebióticos

(Olha_Afanasieva/Thinkstock/Getty Images)

 

Se você come frutas, hortaliças, legumes e leguminosas todos os dias, fica bem abastecida de prebióticos – fibras solúveis e fermentáveis que servem de alimento para o exército de bactérias probióticas. As melhores fontes: alho, cebola, alho-poró, alcachofra, maçã, chicória, cenoura, lentilha, ervilha, manga, pera, melancia, cogumelos, couve-flor, aveia, farelo de trigo, linhaça, batata-doce, batata yacon e biomassa de banana verde.

Probióticos

As bactérias dessa linhagem podem ser obtidas a partir dos alimentos, mas são poucas as opções com os micro-organismos (entre eles, lactobacilos e bifidobactérias) que sobrevivem ao trânsito no aparelho digestivo e colonizam o intestino. “Eles estabelecem o equilíbrio do ambiente e, com isso, inibem o aumento das bactérias nocivas”, explica
 a nutricionista carioca Cátia Ruthner.

Como ainda ajudam na absorção de nutrientes, na eliminação de toxinas e na redução do colesterol, as bactérias probióticas deixam você mais resistente a doenças e menos propensa a ganhar peso. Os iogurtes enriquecidos com lactobacilos vivos são as opções mais conhecidas, mas agora as bebidas fermentadas têm se destacado.

(bhofack2/Thinkstock/Getty Images)

Já ouviu falar na kombucha? À base de chá (verde) ou infusão (hibisco) e naturalmente gaseificada, favorece o intestino e melhora
 a digestão. Reunidas numa colônia (batizada scoby – symbiotic colony of bacteria and yeast), no formato de um disco, que flutua sobre o líquido enquanto ele fermenta, as bactérias quebram o açúcar – e, nessa transição, prevalece a acidez. Por isso, não estranhe 
o gosto exótico misturado a um leve amargor do chá e notas adocicadas das frutas usadas para saborizar a bebida.

Existe ainda o kefir de leite ou água, o kimchi (vegetais com molho apimentado), o chucrute (conserva de repolho) e o rejuvelac – líquido obtido a partir da fermentação de grãos (trigo, aveia, cevada) para a produção de queijo vegano.

Posbióticos

Bem alimentadas (graças aos prebióticos), as bactérias probióticas produzem os posbióticos – ácidos graxos, como o butirato, que melhoram o tecido que reveste a parte interna do intestino. A ação beneficia especialmente as mulheres: “Impede a proliferação da Candida albicans
 – fungo presente naturalmente na vagina mas que, em excesso, desencadeia a candidíase”, diz a nutricionista Eliane Tagliari, de Curitiba.

Quando esse desequilíbrio acontece, espere por inchaço, coceira e corrimento. Os posbióticos ainda inibem o crescimento de bactérias como a salmonela (provoca vômitos e diarreias fortes) e a Escherichia coli (causa infecção urinária), segundo estudo italiano publicado no Journal of Clinical Gastroenterology.

 

Simbióticos

(Farion_O/Thinkstock/Getty Images)

Menos conhecidos, mas não menos eficientes, os simbióticos são suplementos que associam os prebióticos e os probióticos, geralmente manipulados, em sachê ou cápsula, sob prescrição médica. São recomendados
para tratar a diarreia provocada pelo uso de antibióticos ou por intolerância ao glúten (além da retirada do glúten, claro), prisão de ventre, determinadas alergias, infecção urinária e até doenças de pele.

“Associados ao tratamento específico, os simbióticos contribuem para diminuir o processo inflamatório desencadeado por diversos tipos de acne, dermatite atópica e psoríase”, diz a dermatologista Karla Assed, do Rio de Janeiro. Já o potencial antioxidante, segundo a médica, dá uma força no rejuvenescimento. “A ciência está empenhada em descobrir as espécies mais indicadas e as quantidades ideais para tratar muitos outros problemas com
 os simbióticos”, complementa Karla. Fique ligada!

Outros fatores que influenciam na microbiota

O conjunto de bactérias que habitam
 o intestino é tão individual quanto 
a impressão digital: sua microbiota não coincide com a da sua irmã,
 mãe ou tia. “O tipo de nascimento (cesárea, parto natural), tempo de amamentação, convívio com animais domésticos, contato com bactérias, fungos e parasitas, assim como o uso de antibióticos e os hábitos alimentares, definem a composição da microbiota”, explica Cátia.

E, dependendo do momento e da situação, o cenário muda. Quando você toma antibiótico ou faz uma viagem para um lugar sem saneamento básico, a microbiota sofre impacto. Ela volta ao normal à medida que a rotina é retomada, mas demora cerca de seis meses – isso se você estiver saudável! Então não hesite em apostar nos pre e probióticos e, com isso, garantir os posbióticos. 

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