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A gente não pode permitir um golpe de Estado via impeachment, diz Lula

Ex-presidente afirmou que não há ‘base política e jurídica’ para afastamento. Para o petista, motivação é o desejo da oposição de ‘tirar pobre do poder’.

O ex-presidente Lula conversa com o presidente da CUT, Vagner Freitas, durante encontro com movimentos sociais para debater estratégias para barrar o impeachment (Foto: Nelson Antoine / Estadão Conteúdo)
O ex-presidente Lula conversa com o presidente da CUT, Vagner Freitas, durante encontro com movimentos sociais para debater estratégias para barrar o impeachment (Foto: Nelson Antoine / Estadão Conteúdo)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (7), durante encontro com representantes de movimentos sociais em São Paulo, que, para recolocar o país de volta nos trilhos, não se pode permitir que “haja um golpe de Estado via impeachment” no Congresso Nacional. O petista voltou a defender que não há “base política e jurídica” para o afastamento da chefe do Executivo, sua afilhada política.

Lula participou, na sede do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, de reunião com integrantes de movimentos sociais, partidos e centrais sindicais. Atenderam à convocação para defender o mandato da presidente da República, entre outros, representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Em um discurso de 29 minutos no evento, Lula cobrou uma “bandeira única” das entidades contra o impeachment. Na visão do ex-presidente, o que está por trás da tentativa de afastamento de Dilma é o “desejo da oposição de tirar o pobre do poder”.

“Para recolocar o trem de volta nos trilhos [o país], a gente não pode permitir que haja um golpe de Estado via impeachment no Congresso Nacional”, ressaltou o ex-presidente.

Apesar de ter classificado indiretamente de “golpe de Estado” o processo de afastamento de Dilma autorizado na semana passada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Lula disse que, “obviamente”, o impeachment faz parte do “processo democrático”.

Ele, entretanto, destacou que, para isso, é necessário ter uma razão e uma motivação, o que, segundo o ex-presidente, não existe no caso de Dilma. Na opinião de Lula, as razões que motivaram o pedido de afastamento da petista é o “ódio”, o “preconceito” e a tentativa de “desmontar” um projeto político.

“Obviamente que o impeachment faz parte do processo democrático. Todos nós aqui participamos do impeachment do Collor [Fernando]. Mas o impeachment tem que ter uma razão, tem que ter uma motivação. E, no caso da Dilma, não tem nenhuma motivação a não ser ódio, a não ser preconceito, a não ser tentar desmontar um projeto que, com ajuda de milhões de pessoas que vivem no anonimato, que produzem a riqueza deste país, ajudaram a gente a construir”, enfatizou.

Contabilidade dos votos
Diante dos aliados políticos, Lula destacou que é importante, neste momento, o governo tentar construir uma maioria absoluta no Congresso para evitar, segundo ele, “ser pego de surpresa” na votação do impeachmento.

O petista sugeriu que o Planalto faça diariamente a “contabilidade” dos votos dos deputados que devem votar contra o impeachment.

‘Loucura’
O ex-presidente da República chamou de ” loucura” o pedido de impeachment apresentado contra Dilma. “só tem uma palavra: ou ódio ou inveja.

De acordo com Lula, se a cada momento que surgisse uma crise econômica os países trocassem seus governantes, países como os Estados Unidos e a Alemanha já teriam destituído do poder o presidente Barack Obama e a chanceler Angela Merkel.

Para ele, as dificuldades políticas do país se intensificam porque a economia do mundo ainda não se recuperou.

“O que nós temos certeza é que, se há uma certa dificuldade, a possibilidade de a gente recuperar é com a companheira Dilma Rousseff, presidente da república. Não é com Eduardo Cunha, não é com Aecio [Neves]. […] Não é com o modelo de política econômica deles que pressupõe governar este país para um terço da população”, observou.

Rui Falcão
O presidente do PT, Rui Falcão, também compareceu à reunião com os movimentos sociais. Em seu discurso, ele defendeu que, além de buscarem apoio nas ruas e nas redes sociais, os militantes também cobrem os parlamentares para que a comissão especial da Câmara analisará o pedido de impeachment se manifeste contra o andamento do caso.

 

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