Em sua primeira entrevista desde que o FBI fechou os escritórios dele em abril, Cohen não defendeu o presidente americano como costumava fazer
Washington – Michael Cohen, advogado pessoal do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, insinuou nesta segunda-feira que ele mesmo poderia cooperar com a investigação que o promotor especial Robert Mueller faz sobre o caso russo, ao afirmar que deve lealdade a sua “família e ao país”, e não ao governante americano.
Em sua primeira entrevista desde que o FBI fechou os escritórios dele em abril, Cohen deu distância de Trump, a quem sempre defendeu incondicionalmente, e evitou jurar lealdade.
“Minha esposa, minha filha e meu filho são os que têm a minha lealdade principal, e sempre terão. Ponho a família e o país na frente de todo”, disse ele ao canal “ABC News”.
Essa foi a resposta dele sobre se estaria disposto a defender Trump se enfrentar acusações criminais na investigação federal aberta em Nova York ou na de Mueller sobre os supostos laços entre a Rússia e a campanha eleitoral do agora presidente americano.
Cohen, que há meses disse estar disposto até mesmo a “tomar um tiro” para defender Trump, também rompeu com a sua antiga postura sobre o pagamento de US$ 130 mil que fez durante a campanha de 2016 à atriz pornô Stormy Daniels, para que ela não falasse sobre a sua suposta relação que teve com o agora presidente. Esse pagamento está sujeito a uma investigação federal – independente de Mueller – porque poderia ser uma violação das leis de financiamento de campanhas eleitorais.
Na entrevista, Cohen evitou reafirmar que fechou sozinho o trato com Daniels e que Trump não sabia de nada.
“Quero responder. Algum dia responderei. Mas, por enquanto, não posso fazer mais comentários por conselho do meu advogado”, afirmou Cohen ao ser perguntado a respeito.
Em maio, Trump admitiu ter financiado o pagamento de US$ 130 mil que Cohen entregou à atriz, mas defendeu a legalidade porque “não teve nada a ver com a campanha”.
Recentemente, Cohen contratou o prestigiado advogado Guy Petrillo, que foi promotor federal em Manhattan e conhece o escritório que agora investiga o seu cliente. Uma vez que Petrillo se torne nos próximos dias o principal advogado de Cohen, terminará um acordo de defesa conjunta que Trump assinou com o seu advogado pessoal, e pelo qual as equipes legais podiam compartilhar informação e documentos, segundo a “ABC News”. Isso abre a porta a um possível confronto entre interesses legais de Cohen e Trump, que previu em abril que seu advogado pessoal nunca ficaria contra ele.