Proposta da IG4 Capital prevê pagamento de 15,44 reais por ação, com prêmio de 31% sobre o fechamento da véspera; oferta de R$ 4,6 bilhões pode ser coberta por Camargo Correa e Soares Penido
A construtora Andrade Gutierrez avisou a CCR (CCRO3) sobre intenção de vender sua participação de 14,86% na empresa após oferta vinculante feita pela IG4 Capital. A notícia revelada na manhã desta sexta-feira, 7 de maio, fez as ações da administradora de concessões de infraestrutura dispararem cerca de 10% na B3.
No comunicado à CCR, a Andrade Gutierrez relatou que a proposta da IG4 contempla pagamento de 15,44 reais por ação, totalizando 4,6 bilhões de reais, e inclui cláusula de “earn-out” que pode elevar ainda mais o valor da operação. O valor ofertado representa um prêmio de 31% sobre a cotação de fechamento na quinta-feira.
A CCR disse que os demais acionistas integrantes do bloco de controle — Camargo Corrêa (14,86% das ações ordinárias) e Soares Penido (15,05%) — poderão durante 30 dias exercer seus respectivos direitos de preferência conforme termos no acordo de acionistas.
Caso nenhum dos acionistas manifeste interesse em adquirir as ações, a operação será realizada em 60 dias.
O analista do Credit Suisse Regis Cardoso considerou o anúncio positivo e que estabelece um valuation muito mais elevado para a empresa, embora tenha citado que a operação não desencadeia “tag along” para acionistas minoritários. É o direito que eles têm de vender suas ações sempre que ocorre uma oferta pelo controle da companhia.
Por volta de 15h as ações da CCR avançavam 9,75%, a 13,39 reais. Era a maior alta do Ibovespa, que subia perto de 1%. Na máxima, os papéis chegaram a 13,69 reais. Na esteira do anúncio, a rival Ecorodovias (ECOR3) subia 5,7%.
“Essa transação corrobora nossa visão de que a CCR está negociando a um valuation atraente e que a empresa está bem posicionada para licitar novas concessões de infraestrutura”, afirmaram os analistas do Bradesco BBI em nota a clientes.
“Além disso, a IG4 Capital possui ampla expertise no setor de saneamento, o que pode abrir espaço para que a CCR altere seu estatuto para investir no setor de forma orgânica e por meio de aquisições”, escreveram Victor Mizusaki e Pedro Fontana.