O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) deve anunciar até o dia 5 de janeiro que não será mais pré-candidato a presidente pelo PEN/Patriota. A decisão foi tomada nesta quarta-feira (20) em reunião com o chamado núcleo duro da campanha de Bolsonaro, em Brasília. Deputados e correligionários dizem que o presidente da sigla, Adilson Barroso, não teria cumprido com a sua palavra de ceder o controle do partido em Estados-chave para o grupo do parlamentar.
O deputado já iniciou conversas com o PSL/Livres e o PR. A decisão final sobre o ingresso a uma nova sigla só deve ser tomada em março.
Procurado pela reportagem, Bolsonaro não se manifestou sobre o assunto. Em entrevista ao site Crítica Nacional, que tem apoiado abertamente a candidatura do parlamentar, o deputado disse que “estava noivo do Patriota, mas voltou à situação de namoro”. “O projeto não foi sepultado, mas recuamos bastante”, afirmou.
A posição ainda não é oficial porque faltam alguns acertos com membros da executiva do PEN/Patriota no Rio – colocados lá pelo próprio Bolsonaro. As consequências de uma “retirada” seriam mais sentidas por eles. Fontes próximas ao deputado falam em 90% de chances do “projeto Patriota ser abortado”. O secretário-geral do PEN/Patriota, Bernardo Santoro, aliado de Bolsonaro, não comenta o assunto, mas confirma que “haverá uma decisão até a próxima semana”.
A insatisfação teria como principal ponto a promessa não cumprida de Barroso em ceder o controle do partido em alguns Estados-chave, como Minas Gerais. Por outro lado, o grupo mais ligado a Barroso no partido diz que vazamento sobre a “saída” é uma tática na disputa pelo controle dos espaços que hoje estão sendo “requisitados pelo grupo de Bolsonaro”.
Compromisso
O deputado não é oficialmente filiado ao PEN/Patriota. De saída de seu atual partido, o PSC, o presidenciável apenas assinou um compromisso de filiação para o mês de março. Entretanto, as conversas de Bolsonaro com outras legendas nunca foram interrompidas.
O presidente do PEN/Patriota, Adilson Barroso, se mostrou irritado e disse não acreditar que essa fosse uma decisão vinda do próprio Bolsonaro, mas, de pessoas do entorno dele. “Ele ainda não me ligou para comunicar nada. Se isso acontecer, eu digo que não entendo a mente dele”, afirmou. “Tudo o que foi pedido eu cedi. Aliás, multipliquei por três tudo o que foi pedido. Ele tem cinco cargos na direção nacional e muito mais. Mudei até o nome do partido e cheguei a perder 80% da minha base por ele”, disse.